Manifestantes iniciaram a manhã desta segunda-feira, 27, em protesto contra a reforma da Previdência na França. A manifestação pacífica acontece em frente ao Museu do Louvre. O protesto bloqueou a entrada de visitantes no Museu, impedindo que dezenas de turistas visitem um dos principais cartões do país.
A entrada dos turistas foi impedida depois que representantes sindicais da Confederação Geral do Trabalho (CGT) e das Unidades Democráticas de Solidariedade (Sud) votaram pelo fechamento do Louvre. A famosa pirâmide de vidro agora está repleta de manifestantes, entre eles, funcionários do Museu, que seguram bandeiras dos sindicatos e cartazes.
"Aposentar-se aos 60 anos; trabalhar menos para viver mais tempo", escreveram os manifestantes em um dos cartazes.
O Sud publicou em sua conta oficial no Twitter um vídeo que capta o momento que centenas de manifestantes ocupam a frente do Louvre.
Por outro lado, a manifestação deixou turistas e demais visitantes frustrados. "Isso é ridículo, viemos de todos os lugares do mundo com nossos filhos para visitar um museu e é ridículo que 20 pessoas bloqueiem a entrada", disse Samuel, um turista mexicano que não informou seu sobrenome, em entrevista à Reuters.
"Eu realmente entendo a motivação deles, e é justo. Mas todos nós gostaríamos de ver Mona Lisa ", falou Jane, uma visitante de Londres.
A manifestação ocorre um dia antes de uma nova rodada de greves e de marchas por todo o país, a décima desde que os protestos iniciaram, marcada para esta terça-feira, 28.
Segundo a Euro News, a polícia de Paris disse que estava realizando uma operação para impedir reuniões não autorizadas em frente ao Centro Pompidou, outra atração famosa em Paris que atrai milhares de visitantes.
<b>Primeira-ministra da França receberá sindicatos e partidos para apaziguar o país </b>
A primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, se reunirá, nas próximas três semanas, com grupos parlamentares, partidos políticos, sindicatos e associações com o objetivo de "apaziguar o país", conforme ela mesma anunciou em entrevista à AFP, enquanto acontecem protestos maciços contra a reforma da Previdência.
"Estou à disposição dos agentes sociais. É preciso chegar a um bom caminho: encontros bilaterais? Uma reunião intersindical? É preciso acalmar as coisas. E que possamos retomar o trabalho sobre todas essas questões", como os trabalhos especialmente penosos e as reconversões profissionais, afirmou a primeira-ministra.
Protestos multitudinários, em parte violentos, sacodem o país desde a aprovação, em 16 de março e sem votação no Parlamento, de uma polêmica reforma sobre o aumento da idade de aposentadoria.
Borne, no entanto, lembrou que a reforma da Previdência foi aprovada e "seguirá seu curso" até que o Conselho Constitucional emita o seu parecer, ao término do qual o presidente Emmanuel Macron "deverá promulgar a lei", tal como prevê a Constituição.
Borne assinalou que, "desde o início da legislatura, foram aprovados definitivamente 11 projetos de lei e 12 propostas legislativas" e que "se recorreu ao 49.3 artigo que permite a aprovação de leis sem votação parlamentar em apenas três textos".
Estes são textos orçamentários para 2023 que fazem parte da reforma da Previdência, que modifica a lei sobre financiamento da Seguridade Social, lembrou a chefe de governo.
O artigo 49.3 da Constituição permite legislar por decreto, mas expõe o governo a uma moção de censura. No dia 17 de março, duas moções foram votadas e superadas pelo Executivo, uma delas por apenas nove votos de diferença.
A mando do presidente Emmanuel Macron, Borne deve construir um programa de governo e um programa legislativo para o qual "desenvolverá" um "plano de ação" nas próximas três semanas "que mobilize todos os atores que querem fazer o país avançar", explicou a primeira-ministra. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)