O maior de todos os protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e contra a corrupção em Ribeirão Preto (SP) reuniu 55 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, e 100 mil de acordo com os organizadores, neste domingo. As estimativas preliminares do meio da manhã falavam em 20 mil pessoas. O total é mais que o dobro do primeiro protesto, em março do ano passado, que reuniu 20 mil, segundo a PM, e 40 mil, de acordo com os organizadores. O município tem cerca de 600 mil moradores.
O número estimado de pessoas na segunda manifestação em abril de 2015, foi de 10 mil a 15 mil pessoas na avaliação da polícia e os mesmos 40 mil pessoas para a organização. Houve uma queda nos movimentos seguintes, até as 2,5 mil pessoas do último, em dezembro de 2015.
A manifestação deste domingo ocorreu de forma pacífica e o único incidente foi antes do início, às 10 horas, quando a PM tentou isolar um grupo que pedia apuração do suposto esquema de desvio de recursos públicos destinados à merenda escolar no Estado de São Paulo, investigado pelo Ministério Público.
O grupo de manifestantes portava faixas e camisetas com as frases “Cadê o dinheiro da merenda? Nem PT, nem PSDB”; “Lula, cadê o dinheiro do Petrolão. Duarte Nogueira, cadê o dinheiro da merenda?” e “Quem vai punir o ladrão da merenda de Ribeirão?”.
Secretário de Transportes e Logística do Estado de São Paulo, Nogueira é pré-candidato a prefeito da cidade no interior paulista pelo PSDB. Ele teve o nome envolvido por um delator nas investigações do MP e sempre negou participação no esquema. Além de Nogueira, o presidente estadual do PMDB, Baleia Rossi, deputado federal com base em Ribeirão Preto, e também citado nas investigações do MP, foi alvo de críticas. Ambos negam o envolvimento no caso. Após uma discussão, o grupo permaneceu na manifestação.
Nogueira e Rossi não foram os únicos políticos ribeirãopretanos alvos do protesto. O ex-ministro Antônio Palocci e a prefeita Dárcy Vera (PSD) foram citados com xingamentos. Poupado pelos protestos, o deputado estadual e quatro vezes prefeito de Ribeirão, Welson Gasparini (PSDB) foi parado para fotos com manifestantes e avaliou, em conversa com o Broadcast, o movimento como “o início da limpeza na política com os culpados na cadeia”
Um homem fantasiado de Palocci estava entre outros políticos representados em um carro alegórico em forma de cela que encerrou os protestos. O bom humor também foi a marca de um dos carros que participaram dos desfiles. Paramentado como um pedalinho, em referência ao utilizado no sítio de Atibaia investigado pela Operação Lava Jato e pelo MP paulista, o carro foi batizado “petralinho”.
Os manifestantes saíram da praça Carlos Gomes, no centro da cidade e caminharam por cerca de duas horas por ruas e avenidas até o ato de encerramento na avenida Presidente Vargas, esquina com a Nove de julho, principal cruzamento da cidade.