A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, antecipou, nesta quinta-feira, 8, que a autoridade monetária deve voltar a subir juros nas próximas reuniões, mas disse que as decisões futuras dependerão de dados e serão tomadas a cada encontro.
Em coletiva de imprensa após o BCE elevar as taxas básicas em 75 pontos-base, Lagarde reiterou que a inflação na zona do euro está alta demais e deve continuar acima da meta de 2% por algum tempo.
Segundo ela, o aumento de juros promove a transição de uma política monetária acomodatícia para configurações que ajudem a reduzir a escalada inflacionária.
A dirigente acrescentou que eventualmente a inflação voltará à meta, à medida que a alta de juros contém os preços. "A alta inflação está diminuindo os gastos e a produção em toda a economia, e esses ventos contrários são reforçados por interrupções no fornecimento de gás", pontua.
Lagarde destacou que a demanda global mais fraca afeta atividade, embora o mercado de trabalho robusto tenha fornecido algum fôlego. No entanto, ela prevê que a desaceleração da economia elevará o desemprego na zona do euro.
<b>Mais sinalizações</b>
A presidente do Banco Central Europeu afirmou que o aumento de 75 pontos-base nos juros básicos, anunciado nesta quinta-feira, "não é a norma" e "não necessariamente" será replicado na próxima reunião.
Em coletiva de imprensa, Lagarde explicou que o ajuste foi unânime, mas reconheceu que houve "visões diferentes" sobre a estratégia da política monetária.
Segundo ela, os juros básicos não estão em nível "neutro", mas caminham para essa configuração. Também destacou que "não sabe" qual será o juro terminal, a ser decidido quando inflação se aproximar da meta.
A dirigente acrescentou que os riscos à perspectiva inflacionária apontam primariamente para cima, enquanto as de crescimento econômico apontam para baixo, pelo menos no curto prazo. De acordo com ela, os preços de petróleo devem moderar, mas os de gás seguirão "extraordinariamente" altos.
Sobre a recente alta de rendimentos nos títulos públicos, Lagarde atribuiu o movimento à antecipação no mercado do aperto monetário. Ela acrescentou que a desvalorização do euro alimentou as pressões inflacionárias.