Com uma taxa de renovação próxima da registrada nas eleições passadas (38%), a Câmara de São Paulo terá dois vereadores trans na próxima legislatura e dois mandatos coletivos. Ao mesmo tempo, houve a manutenção de antigos caciques. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou o nome dos 55 eleitos ontem pela manhã. PT e PSDB perderam vagas, mas continuam sendo as maiores bancadas, com oito vereadores, cada. O PSOL foi o partido que mais cresceu, partindo dos 2 assentos atuais para 6 vereadores eleitos.
Com a nova composição do Legislativo paulista, foram ampliadas as vagas ocupadas por nomes nos extremos do espectro político. Pelo lado da direita, o Movimento Brasil Livre (MBL) emplacou três nomes. O PSL manteve um assento. A cidade terá a primeira vereadora apoiada diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro. Além disso, o Novo ampliou de um para dois os assentos. No total, o bloco mais conservador tem sete parlamentares eleitos. Pela esquerda, PSOL e PT têm, juntos, 14 vagas.
Caso seja reeleito, o prefeito Bruno Covas (PSDB) teria 34 parlamentares na sua base. Segundo as regras da Câmara, para votações mais importantes, como a revisão do Plano Diretor programada para este ano, são necessários 37 votos.
Já Guilherme Boulos (PSOL), adversário de Covas no segundo turno, teria uma base parlamentar bem mais enxuta com 14 votos garantidos – somando os nomes do PT e do PSOL. O tamanho da bancada não seria suficiente para aprovar nenhum projeto de lei, o que obrigaria o chefe do Executivo, caso eleito, a negociar mais com o Legislativo.
Auxiliares de Covas avaliavam que o crescimento da bancada do PSOL tem relação direta com a campanha que levou seu adversário para o segundo turno – o partido do prefeito perdeu quatro cadeiras e passou de 12 para 8 vagas na próxima legislatura.
<b>Lideranças</b>
Os campeões de votos, mais uma vez, foram Eduardo Suplicy (PT), pela terceira vez o mais votado do País, e Milton Leite (DEM), aliado de Covas que teve a campanha para vereador mais cara do Brasil neste ano – ele estimou um gasto de R$ 2,4 milhões à Justiça Eleitoral. Leite chegou a recrutar 500 cabos eleitorais nos bairros de Campo Limpo, Parelheiros e Capela do Socorro, as regiões da zona sul onde ele tem sua base, com salários entre R$ 800 e R$ 2,2 mil.
Entre as novidades, há Erika Hilton (PSOL), primeira mulher trans eleita na cidade, e Thammy Miranda (PL), primeiro homem trans. Foram dois mandados coletivos, ambos do PSOL: Bancada Feminista e Quilombo Periférico. O número de mulheres eleitas foi recorde: 13 (mais informações nesta página).
Parlamentares antigos da Casa, como José Police Neto (PSD), Soninha Francine (Cidadania) e Claudinho de Souza (Cidadania), não conseguiram se reeleger.
Embora o PT continue uma das maiores bancadas, o partido não conseguiu eleger nenhum nome novo e ainda perdeu a vaga do vereador Paulo Batista dos Reis, que chegou a ser líder da bancada no ano passado.
O Novo, que tinha uma cadeira, com Janaína Lima, fez o segundo assento com a vereadora Cris Monteiro, apesar de o partido sofrer um revés com a candidatura de Filipe Sabará para a Prefeitura – ele foi expulso no meio da disputa pela legenda, que alegou incongruência no seu currículo.
Pelo Republicanos, foi eleita a primeira vereadora declaradamente bolsonarista na cidade, Soraia Fernandes. A Câmara paulistana já tinha Rinaldo Rigo, mas o parlamentar não tinha o suporte direto do presidente. Soraia já chegou a participar das lives de Bolsonaro.
Fernando Holiday, do Movimento Brasil Livre (MBL), que se elegeu pelo Patriota, viu a bancada do partido triplicar. Na próxima legislatura, o partido de direita terá também Rubinho Nunes e outro youtuber, Marlon do Über.
Dois herdeiros de vereadores históricos, George Hato (filho de Jooji Hato), do MDB, e Rodrigo Goulart (PSD), filho do vereador Goulart, que haviam obtido o primeiro mandato nas eleições passadas, conseguiram se reeleger.
A Câmara terá também dois irmãos que se ajudaram na política no passado mas, nas eleições, haviam se tornado rivais: Roberto Trípoli (PV) e Xexéu Trípoli (PSDB) conseguiram se eleger, ambos defendendo a causa animal e a sustentabilidade. O discurso de defesa animal foi também o que impulsionou Felipe Becari (PSD), um dos novos nomes na Casa.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>