O PSDB de Santos comanda um xadrez político delicado para se manter no poder na principal cidade do litoral paulista. Contra a "ameaça bolsonarista" representada pela deputada federal Rosana Valle (PL), o atual prefeito, Rogério Santos (PSDB), negocia se filiar ao Republicanos para tentar dividir a direita nas urnas e aumentar suas chances de reeleição em 2024. O movimento tem o aval do tucano mais influente da cidade, o também deputado federal e ex-prefeito Paulo Alexandre Barbosa.
O cálculo político prevê que, sob as bênçãos de Tarcísio de Freitas, a filiação de Santos ao partido do governador teria impacto direto na pré-candidatura de Rosana. Isso porque a parlamentar espera ter em seu palanque não apenas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anteontem -, mas também Tarcísio, considerado hoje peça-chave na definição de candidaturas da centro-direita no Estado.
Atual presidente do PL Mulher em São Paulo, Rosana disse estar focada em seu mandato parlamentar, mas admitiu interesse na disputa. "Sei que sou um nome forte do partido e acredito que reúno condições de disputar o pleito. Considero cedo, porém, para tomar uma decisão a respeito."
Ex-apresentadora da TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista, a parlamentar foi reeleita em 2022 com 216.437 votos, a maior marca na região. Paulo Alexandre recebeu pouco mais de 170 mil. Na briga direta pelo eleitorado da cidade, os dois quase empataram – o ex-prefeito alcançou 60.309 votos e a deputada, 56.704 votos.
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Com o nome de Rosana consolidado, o PSDB cogita apoiar a filiação de Santos ao Republicanos ou até mesmo lançar o próprio Paulo Alexandre, caso as pesquisas mostrem que o ex-prefeito tem mais chances nas urnas. Desde que o partido perdeu o comando do governo do Estado, cerca de 60 gestores municipais deixaram a sigla. Nessa lista estão nomes como Luiz Fernando Machado (Jundiaí), que se filiou ao PL.
Paulo Alexandre não aceitou dar entrevista. Aliados do deputado no PSDB, por sua vez, têm dito que a decisão de concorrer será dele e do diretório da sigla em Santos – isso se a saída de Santos for mesmo confirmada. Já o prefeito tem reforçado que sua vice, Renata Bravo, é filiada ao PSDB e pode representar o partido numa eventual chapa encabeçada pelo Republicanos.
Para o analista político Alcindo Gonçalves, da Universidade Católica de Santos, o ex-prefeito é uma "carta na manga". "Só deve entrar em jogo se o seu grupo político estiver correndo o risco de perder o comando da cidade", afirmou.
Se o governo tem dúvidas, o PT segue com poucas opções. Sem formar novos líderes na cidade, os possíveis candidatos são conhecidos da população, mas têm poucas chances de vitória. A ex-prefeita Telma de Souza é uma das citadas, assim como o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro.
Com a oposição à esquerda enfraquecida, o ex-desembargador Ivan Sartori (Avante), segundo colocado em 2020, segue mencionado por eleitores em pesquisas espontâneas, mas, desta vez, teria de concorrer com Rosana para alcançar o posto de bolsonarista, em um campo já congestionado.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>