Dirigentes de partidos da coligação de apoio à pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram informados por aliados de Márcio França (PSB) que o ex-governador deve divulgar a decisão de desistir da corrida ao Palácio dos Bandeirantes em breve. A definição da vice na chapa de Fernando Haddad (PT) deve ocorrer após o anúncio de França. O petista deseja Marina Silva (Rede) como parceira na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, mas o PSB tenta emplacar o nome de Lu Alckmin, mulher de Geraldo Alckmin, para o posto, e o PSOL cobra o espaço.
Em troca de sair da disputa pelo governo de São Paulo, França deve aceitar a sugestão do PT e disputar uma vaga ao Senado na chapa com Haddad. O PSB ainda negocia, no entanto, mais influência na campanha paulista. Além da vaga de senador, França tem pleiteado a indicação do primeiro-suplente ao Senado.
A costura para que França desista foi feita por Lula, que mais uma vez se reuniu com o ex-governador, na sexta-feira passada, 24. Nos últimos meses, o petista tem insistido na aproximação com o aliado do PSB e trabalhado, nos bastidores, para abrir o caminho para a candidatura de Haddad em São Paulo.
Procurados, a assessoria do PSB e o próprio França não comentaram. Aliados do ex-governador, no entanto, disseram que ele ainda não esgotou as tratativas com Gilberto Kassab (PSD) e Luciano Bivar (União Brasil). Se conseguir atrair apoio de um dos partidos, tentará se manter na corrida no Estado. Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro da Infraestrutura e candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), no entanto, afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que também está em negociação com Kassab.
O PT esperava que o anúncio da desistência já tivesse ocorrido, pois França sinalizou que faria o movimento após se reunir com lideranças do PSB, nesta segunda-feira, 27. Ainda assim, os partidos da coligação aguardam para esta semana o anúncio.
O governo de São Paulo é considerado por Lula o principal nó a ser desatado nas tratativas com o PSB sobre os palanques estaduais. Isso porque o petista quer fazer campanha no Estado ao lado do ex-governador Alckmin, vice candidato à Presidência. Com França e Haddad concorrendo na disputa ao governo estadual, no entanto, o palanque Lula-Alckmin fica limitado.
<b>Expectativa no PSOL</b>
Com a circulação, nos bastidores, da informação sobre a decisão de França, cresceu no PSOL a expectativa de compor a chapa de Haddad com a indicação de um candidato a vice-governador. O partido abriu mão de ter um candidato ao Palácio do Planalto neste ano, em apoio a Lula, e o líder do movimento social por moradia MTST, Guilherme Boulos, desistiu de sua candidatura ao Estado, em apoio a Haddad.
Agora, os psolistas esperam ter os gestos reconhecidos e integrar a chapa ao Palácio dos Bandeirantes. Neste caso, o indicado pelo PSOL seria o presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros. O partido aguarda a decisão de França, tratado como prioridade pelo PT, antes de cobrar seu lugar na campanha.
"O PSOL de São Paulo reivindica o espaço dentro da composição majoritária, que envolve a vice ou o Senado. O PT deixou claro que prioriza a negociação com Márcio França. Estamos em compasso de espera", disse Medeiros, em entrevista ao <b>Estadão</b> publicada neste domingo, 26.
Haddad resiste, no entanto, em ter um nome do PSOL ao seu lado na disputa. O ex-prefeito prefere uma mulher e representante de um partido de centro, para ajudar a romper resistências contra o PT no interior paulista.
A candidata ideal para Haddad, segundo aliados do petista, é a ex-ministra Marina Silva. Haddad teve o aval de Lula, segundo fontes que acompanham a negociação, para atraí-la para a chapa. A Rede, no entanto, prefere que a ex-ministra concorra a deputada federal, pois é a principal "puxadora" de votos do partido.