A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse nesta sexta, 11, que Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deveria adiar as eleições para a presidência da instituição, marcadas para o próximo dia 20, para que o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva pudesse apresentar um novo nome para concorrer à vaga.
"Nós não adiantamos (nenhum nome de candidato), mas eu acharia de bom tom eles adiarem. Nós temos um governo que foi eleito agora. Não tem por que não esperar a posse do governo para poder fazer a indicação", comentou Gleisi, ao ser questionada sobre o assunto.
Reportagem da emissora CNN mostrou que o ex-ministro Guido Mantega, que passou a compor o governo de transição de Lula, enviou uma carta a representantes dos governos americano, chileno e colombiano pedindo para adiar a eleição para a presidência do BID.
O Brasil foi o primeiro a apresentar um candidato oficial à corrida pela liderança do BID. Há cerca de duas semanas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável pela indicação, oficializou o nome do então diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, Ilan Goldfajn.
O prazo para a apresentação de candidatos terminou ontem às 23h59 pelo horário de Washington DC, ou seja, 1h59 deste sábado no Brasil. Ainda pelo calendário, a sabatina dos indicados está prevista para amanhã.
O BID já adiantou que o regulamento da instituição não prevê o adiamento das eleições. "O Banco Interamericano de Desenvolvimento informa que o regulamento não prevê adiamento do processo. Além disso, reiteramos que qualquer questão relativa à eleição deverá ser abordada pela Assembleia de Governadores do banco", disse a instituição, em nota ao <i>Estadão/Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
No entanto, o regulamento do BID estabelece um quórum mínimo para que o nome de um candidato seja aprovado. Ou seja, caso os países membros abdiquem de votar ou não cheguem a um consenso, o pleito poderia ser adiado.
Executivos ouvidas pelo <i>Estadão/Broadcast</i> consideram essa possibilidade como "pouco provável". Depois do desgaste com a última gestão – Mauricio Claver-Carone foi demitido da presidência da instituição após um escândalo ético -, a preferência dos países membros é por resolver logo o assunto.
<b>Quórum</b>
Para ser eleito, o candidato precisa obter a maioria dos votos e ainda o apoio de 15 dos 28 países da região. O Brasil detém 11,3% do poder de veto, igual ao da Argentina. O maior peso, porém, está com os EUA, que possuem 30%. Por isso, seu apoio é disputado pelos membros. A gestão de Joe Biden já afirmou que vai manter a tradição e não tem interesse em indicar um candidato.
Até o momento, Brasil, Chile e México já apresentaram seus indicados para disputar a presidência do BID. Argentina e Equador também consideram apresentar nomes.
Ao justificar a escolha do nome de Ilan, Guedes afirmou que o candidato conciliava "ampla e bem-sucedida experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o qualificam para o exercício do cargo de presidente da instituição". Ilan, de 56 anos, foi presidente do BC durante o governo Temer, entre 2016 e 2019, e chefiou ainda o departamento de economia do Itaú, maior banco da América Latina.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>