Questionado por jornalistas se, com a reforma ministerial promovida pelo presidente Jair Bolsonaro o governo estaria refém do chamado Centrão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, respondeu com outras perguntas: "Você diria que o PT foi refém do PMDB? Você diria que FHC foi reeleito porque foi capturado por alguém?", questionou.
Guedes disse ainda que sempre foi apoiado pelo presidente "nas horas decisivas" e que não tinha como se opor ao desmembramento do Ministério da Economia, feito para acomodar Onyx Lorenzoni que, com as mudanças, sai da Secretaria-Geral do Governo para o novo Ministério do Emprego e Previdência Social.
"Deveria recusar ele trazer um aliado político importante? Deveria dizer para deixar o Onyx cair fora do Palácio? Tive conversa super franca com presidente e disse que risco à política econômica era zero", afirmou o ministro, acrescentando que Onyx trará uma "ideia nova", que deverá ser anunciada pelo novo ministro.
<b> Acomodação política </b>
Depois de perder um quinhão de seu superministério, Guedes, admitiu que as mudanças foram feitas para "acomodação política" e angariar apoio do governo no Congresso Nacional, o que, segundo ele, é natural para dar sustentação à agenda de reformas.
Guedes comentou as mudanças pretendidas pelo presidente Jair Bolsonaro, que convidou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para ser ministro da Casa Civil, o que deverá levar a um efeito dominó: o atual ocupante do cargo, general Luiz Eduardo Ramos, será realocado na Secretaria-Geral de Governo, onde está hoje Onyx Lorenzoni, que se tornará ministro do Emprego e Previdência Social, assumindo uma nova pasta a ser criada em área que hoje está sob comando de Guedes.
"A sustentação parlamentar é decisiva. É natural que haja coalizão política de centro-direita para sustentar agenda de reformas", afirmou Guedes na entrada do ministério, após participar de evento de inauguração da Antena Multissatelital no Ministério da Defesa.
O ministro ressaltou que a agenda econômica avançou bastante neste ano e que a Câmara acelerou reformas, mas que o governo ainda encontra dificuldades no Senado. Guedes disse ainda ser "natural" uma reacomodação de forças políticas. "É natural que o presidente queira reforçar sustentação parlamentar, particularmente no Senado", acrescentou.