Um dia após vencer as eleições presidenciais da Rússia com quase 90% dos votos, o presidente Vladimir Putin afirmou nesta segunda-feira, 18, que apoiava a ideia de libertar o líder da oposição Alexei Navalni em uma troca de prisioneiros com países ocidentais, poucos dias antes de sua morte, em 16 de fevereiro.
"Acontece. Não há nada que você possa fazer sobre isso. É a vida", afirmou o presidente sobre a morte do dissidente, no domingo, 17, em uma entrevista coletiva durante a apuração dos votos, em sua primeira declaração sobre Navalni desde sua morte. A fala chamou a atenção por ele mencionar, repetidamente, o nome de Navalni – algo feito pela primeira vez em anos.
Nesta segunda-feira, sem oferecer provas, Putin voltou a falar do opositor, afirmando que alguns dias antes de sua morte, "certos colegas, não da administração (presidencial)" lhe falaram sobre "uma ideia de trocar Navalni por certas pessoas detidas em instalações penitenciárias em países ocidentais". Ele disse que apoiava a ideia.
A fala coincide com declarações de aliados de Navalni feitas no mês passado, sobre supostas negociações com autoridades russas e ocidentais sobre uma troca de prisioneiros que envolveria Alexei Navalni. A amiga de longa data do político, Maria Pevchikh, disse que as conversações estavam na fase final poucos dias antes da morte súbita e inexplicável do crítico do Kremlin. Ela acusou Putin de "se livrar" de Navalni para não trocá-lo, mas não ofereceu nenhuma evidência para apoiar suas afirmações, e elas não puderam ser confirmadas de forma independente.
O que quer que tenha acontecido, aconteceu
"Acredite ou não, mas a pessoa que falou comigo nem terminou a frase quando eu disse: concordo ", disse Putin em resposta a uma pergunta de um jornalista sobre a morte de Navalni. Ele acrescentou que a sua única condição era que Navalni não regressasse à Rússia. "Mas, infelizmente, o que quer que tenha acontecido, aconteceu", disse Putin
Pevchikh afirmou que havia um plano para trocar Navalni e dois cidadãos norte-americanos detidos na Rússia por Vadim Krasikov. Ele cumpria pena de prisão perpétua na Alemanha pelo assassinato em Berlim, em 2019, de Zelimkhan "Tornike" Khangoshvili, um cidadão georgiano de ascendência chechena, de 40 anos. Os juízes alemães disseram que Krasikov agiu sob ordens das autoridades russas.
A aliada de Navalni não identificou os cidadãos norte-americanos que supostamente faziam parte do acordo. Há vários sob custódia na Rússia, incluindo o repórter do <i>Wall Street Journal</i> Evan Gershkovich, preso sob acusações de espionagem, e Paul Whelan, um executivo de segurança corporativa de Michigan, condenado por espionagem e cumprindo uma longa pena de prisão. Eles e o governo dos Estados Unidos contestam as acusações contra eles.
As autoridades alemãs não se pronunciaram se houve algum esforço por parte da Rússia para trocar Krasikov.