Estadão

Putin promete enviar 50 mil toneladas de grãos para países africanos aliados

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu nesta quinta-feira, 27, enviar gratuitamente 50 mil toneladas de grãos a países africanos aliados da Rússia. A ideia é tranquilizar os governantes da África que foram a São Petersburgo participar de uma cúpula patrocinada pelo Kremlin. Muitos haviam sinalizado insatisfação com o fim do acordo de exportação de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro, que aumenta a insegurança alimentar em países mais pobres.

"Nos próximos meses poderemos garantir remessas gratuitas de 25 mil a 50 mil toneladas de grãos para Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia", disse Putin, em discurso transmitido pela TV russa.

<b>Saída</b>

Isolado pelo Ocidente e com a autoridade testada dentro de seu país por um motim fracassado, Putin precisa projetar normalidade e assegurar apoio de aliados. Por isso, ele recebeu líderes da África para uma cúpula relâmpago como parte de sua contínua projeção em um continente que se tornou crítico para a política externa de Moscou.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, alguns países africanos têm apoiado Putin na ONU, recebido seus enviados e navios de guerra e oferecido controle de ativos lucrativos, como uma mina de ouro na República Centro-Africana que contém uma reserva de US$ 1 bilhão do minério, segundo os EUA.

Mas, ainda que Putin tenha buscado se aproximar de líderes africanos, a guerra na Ucrânia tem tornado as relações com a África mais tensas. A cúpula recebeu apenas metade do número de chefes de Estado em comparação com a última reunião, em 2019, situação que o Kremlin atribuiu à "interferência insolente" dos EUA.

<b>Críticas</b>

A decisão de Putin de acabar com o acordo de exportações de grãos da Ucrânia piorou a relação com os africanos. Os preços dos alimentos aumentou, agravando a miséria em países pobres, incluindo alguns cujos líderes compareceram à cúpula de São Petersburgo.

O chanceler do Quênia, Hon Alfred Mutua, classificou a decisão de Putin como uma "facada nas costas". Os presidentes de Egito, Abdel-Fattah el-Sisi, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, também criticaram a decisão do Kremlin de acabar com o acordo.

Diante da pressão, o presidente russo decidiu abrir os silos da Rússia. "Entendemos a importância de um fluxo de alimentos interrupto para os países africanos", disse Putin, que culpou o Ocidente pela crise alimentar global por ter obstruído as exportações russas.

Alguns líderes africanos também pressionaram Putin a respeito do destino do Grupo Wagner, que protagonizou o motim fracassado de junho. Os mercenários têm forças estacionadas na África, em países como República Centro-Africana e Mali, onde eles exploram ouro e diamantes em troca de apoio aos regimes autoritários. Na cúpula, o presidente russo garantiu que manterá a parceria com o Wagner.

<b>Guerra</b>

Além de buscar reduzir a insatisfação dos africanos, Putin também comentou sobre a guerra. Ontem, ele disse que os confrontos se "intensificaram" na região de Zaporizhzia, um dos objetivos da contraofensiva da Ucrânia para recuperar territórios. "Os ucranianos não foram bem-sucedidos", disse Putin.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no entanto, contou outra história. Ele postou um vídeo mostrando vários soldados ucranianos celebrando a recapturara da vila de Staromaiorske, na linha de frente, perto da fronteira entre as regiões de Donetsk e Zaporizhzia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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