Integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel afirmou que o quadro atual é de "incerteza" para a economia da zona do euro, com riscos de baixa e de alta, o que exige uma abordagem "baseada nos dados" para a definição da política monetária. Em linha com declarações recentes da instituição, Schnabel enfatizou que estará atenta aos próximos indicadores, para as decisões de juros, sem se comprometer com os próximos passos.
A dirigente realizou discurso nesta quinta-feira em conferência organizada pelo BCE e pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Cleveland, em Frankfurt (Alemanha). Schnabel disse que já houve "aperto monetário significativo" na zona do euro, mas ainda assim a economia mostra sinais de resistência, sobretudo no mercado de trabalho.
A inflação já caiu, mas segue acima da meta e com as pressões subjacentes para os preços "continuam teimosamente elevadas", com fatores domésticos agora como os principais motores da inflação na zona do euro. "Uma política monetária restritiva o suficiente, portanto, é crucial para levar a inflação de volta à meta de 2% em um cronograma adequado", acrescentou.
Schnabel argumentou que era importante enfatizar a dependência dos dados. Para ela, é preciso considerar não apenas a trajetória mais provável para a inflação, "mas toda a distribuição de riscos". Uma abordagem de analisar o quadro reunião a reunião, com ajustes na política quando necessário, garantirá resposta apropriada ao quadro a cada momento, afirmou.
A dirigente vê o quadro na zona do euro "apontando para uma atividade estagnando". A fraqueza já se nota na indústria, mas agora também o setor de serviços perde fôlego, disse. A política fiscal deve se tornar mais restritiva, com "gradual consolidação fiscal", afirmou ela. O quadro aponta para perspectivas de crescimento mais fracas do que o projetado pelo BCE em junho, advertiu. Ao mesmo tempo, disse que não há sinais de uma "recessão profunda ou prolongada" na zona do euro".
Schnabel ainda afirmou que, segundo pesquisa sobre empréstimos do BCE, o nível dos juros é fator crucial para explicar a contração na demanda por empréstimos. Os padrões de crédito, sobretudo nos empréstimos para empresas, devem "apertar mais nos próximos meses, embora em ritmo mais fraco", previu ainda.