Opinião

Quando a Educação joga dinheiro fora

Passada a euforia da realização da segunda edição do Salão do Livro em Guarulhos, um sucesso de crítica e de público, conforme fez questão de anunciar a Secretaria Municipal de Educação, promotora do evento, é hora de mostrar à sociedade quanto custou essa “festa de cultura”, para não dizer farra. Nesta edição, o HOJE traz reportagem detalhando os valores pagos pelo Município a fim de garantir o sucesso da feira.


O que chama a atenção é que a maior parte dos valores gastos poderia ser economizado ou aplicado em outras prioridades da própria educação de Guarulhos, como o repasse para as entidades conveniadas, construção de novas unidades escolares, melhoria das condições da merenda, investimentos na informatização das escolas, maior remuneração dos profissionais da área, entre outras. Basta dizer que mais de R$ 4,4 milhões dos R$ 5,5 milhões faturados foram dispensados para a estrutura do evento.


Vale lembrar que um verdadeiro centro de eventos provisório foi construído na região do Cecap, com o preparo de uma grande área, levantamento de tendas, adaptações hidráulicas e elétricas para garantir a iluminação e abastecimento de água para banheiros e cozinhas, estacionamentos etc. Toda uma estrutura montada para ser utilizada para apenas dez dias, a custos exorbitantes.


Tudo poderia até ser justificado caso Guarulhos – e a própria Secretaria Municipal de Educação – não contasse com espaços já prontos para a realização de eventos. Se não quisesse utilizar, por exemplo, um dos dois centros de educação Adamastor (no Centro e no Pimentas), ou uma das três unidades já inauguradas do Centro de Educação Unificada (CEUs) instalados justamente em bairros de grande concentração populacional, a Educação municipal poderia locar, por um valor muito menor do que foi gasto, o Internacional Eventos.


Se houvesse bom senso e preocupação em gastar bem o dinheiro público, com certeza os responsáveis pela Educação do município, teriam feito a coisa certa. Mas, por motivos que fogem à lógica e o respeito ao cidadão, optou-se pelo mais caro.


Com certeza, se a promoção do evento precisasse utilizar dinheiro vindo da iniciativa privada, a torneira não ficaria escancarada. Talvez, os responsáveis até seriam penalizados em seus próprios bolsos ou até nos cargos que ocupam. Mas como se trata de poder público, existe uma complacência absurda. Infelizmente, assim é o Brasil.  

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