Estadão

Quase estável na sessão, Ibovespa recua 0,41% na semana, aos 108 mil pontos

O Ibovespa se manteve dentro de faixa de flutuação estreita desde a abertura da sessão, mostrando algum equilíbrio entre o avanço em torno de 3% nas ações da Petrobras, embaladas pelo corte de produção anunciado pela Rússia – que deu fôlego extra à recuperação em curso nos preços da commodity -, e perdas entre 6% e 8% para os papéis do Bradesco, refletindo a decepção do mercado com o balanço trimestral do banco. Ao fim, a referência da B3 se firmou em leve alta de 0,07%, a 108.078,27 pontos no encerramento da semana, em que acumulou perda de 0,41%, vindo de retração de 3,38% no intervalo anterior. No mês, recua 4,72%, em baixa de 1,51% no ano.

Com giro financeiro a R$ 25,2 bilhões nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre 107.619,93 e 108.646,51, pouco mais de mil pontos, saindo de abertura aos 108.001,55 pontos. Além de Petrobras (ON +2,73%, PN +3,05%) e de Bradesco (ON -6,08%, PN -8,19%), destaque também para a forte correção em Alpargatas (-18,68%), muito pressionada na sessão pelos resultados trimestrais, com as ações da empresa indo à leilão nesta sexta-feira em função do grau de ajuste.

O dia foi negativo para Azul (-7,46%) e BRF (-6,69%), esta afetada após indicação de dirigente da Associação Brasileira de Proteína Animal, em entrevista ao <i>Broadcast Agro</i>, de que gripe aviária pode chegar ao País. Na ponta oposta do Ibovespa, TIM (+4,44%), outra empresa a divulgar balanço trimestral, à frente na sessão de Banco Pan (+3,98%), CPFL (+3,61%) e Cielo (+3,48%).

Com o presidente Lula em viagem oficial aos Estados Unidos, os investidores deixaram em segundo plano o cabo de guerra entre governo e BC sobre Selic e metas de inflação, podendo se concentrar nesta última sessão da semana na fornada de resultados trimestrais e no noticiário corporativo.

"Mudança da meta de inflação talvez seja o caminho mais natural para resolver esse imbróglio, considerando também que é muito baixa, para este e o próximo ano, definida lá atrás, em 2018, 2019, então num contexto de ausência de inflação no mundo: algo totalmente alterado pelo contexto da pandemia, com transformações produtivas estruturais, de impacto inflacionário bastante grande", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "É um mundo de muito mais inflação do que quatro, cinco anos atrás. O nível de sacrifício para atingir uma inflação muito baixa, de 3%, é muito alto nesse contexto", acrescenta o economista.

"O mercado repercutiu hoje a temporada de balanços, e o que pegou negativamente foi o Bradesco, principalmente pelo aumento de provisionamento para devedores, muito por conta de Americanas, o que acabou puxando para baixo também as ações do setor, na sessão", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Ele destaca também o efeito negativo do rebaixamento das notas da Fitch para o setor aéreo, com alerta da agência de classificação de risco de crédito para dificuldades que as empresas poderão ter na rolagem de dívidas, afetando o desempenho das ações do segmento nesta sexta-feira.

Por outro lado, cresceu fortemente o otimismo do mercado financeiro com relação ao comportamento das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 70% acreditam que a próxima semana será de alta para o Ibovespa e apenas 10% esperam queda. Os que preveem estabilidade são 20%. No Termômetro anterior, 25% esperavam ganhos para o índice nesta semana; 25%, queda; e 50%, variação neutra.

* Com Amélia Alves

Tags
Posso ajudar?