Opinião

Que culpa teve o pequeno Wallas?

Com apenas quatro meses de vida, o pequeno Wallas Kevin Conceição dos Santos já teve um sinal do que o mundo lhe reserva. Por sua mãe não contar com um plano médico privado, ele foi levado, aos primeiros sintomas de pneumonia, ao Hospital Municipal da Criança, o mesmo onde 14 crianças vieram a morrer em menos de dois meses. Afinal, para quem precisa de atendimento público, por incrível que possa parecer, essa é a única referência na região central da cidade.


Como a doença que afetou Wallas parecia ser bem grave, já com infecção pulmonar, durante a aplicação da  medicação, as veias finíssimas – comuns de um bebê – não suportaram e extravasaram. Houve, segundo termos médicos, uma soroma, que seria uma espécie de bolha de soro com medicamento. Segundo declarou a mãe, em reportagem publicada com exclusividade pelo HOJE, repercutindo na Rede Globo e em várias outras emissoras, o menino – que precisava ir para uma Unidade de Terapia Intensiva – ficou em um espaço improvisado na emergência do hospital, que naquele momento já estava sob investigação do Ministério Público Estadual e na mira da Vigilância Sanitária.


Wallas, até ontem, ainda se encontrava internado no mesmo HMC. Agora, além de tentando se recuperar da pneumonia inicial, também de uma marca que lhe acompanhará pelo resto da vida, que – espera-se – seja longa. Ele teve, em virtude daquele problema na aplicação (segundo as fontes oficiais), ou por negligência, conforme entende a família, o dedo do pé direito amputado.


A história é triste e não pode ser menosprezada nem pela sociedade nem pelas autoridades. Não é possível que o secretário municipal da Saúde, Carlos Derman, que é vice-prefeito de Guarulhos, continue achando que tudo isso faz parte da normalidade. Há problemas sim tanto no HMC como em todo o sistema municipal. Passou da hora do prefeito Sebastião Almeida tomar para si o problema e demonstrar energia na solução de casos tão graves.


A Câmara Municipal, com exceção de oito vereadores que assinaram o requerimento pela investigação dos casos, se demonstra omissa. Aliás, esse  parece ser o triste papel assumido pelo Legislativo guarulhense, um poder que apenas abaixa a cabeça para os desejos do Executivo. À margem do processo, fica a população. Fica o  Wallas e seu drama.

Posso ajudar?