O Ibovespa abriu a quinta-feira em queda, após fechar em baixa de 1,20% na quarta-feira, aos 112.073,55 pontos, mas tenta subir ancorado em Nova York e de algumas ações do segmento de bancos. Em contrapartida, a queda das commodities pesa nos papéis do setor.
Os investidores avaliam várias decisões sobre juros. Ainda ecoam o Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic em 13,75 ao ano, como o esperado. Em um tom duro no comunicado, o Copom sinalizou que o juro básico continuará no atual nível por mais tempo que o esperado.
Também ontem, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) subiu os juros em 0,25 ponto porcentual, como o previsto, mas indicou que há desaceleração inflacionária, o que agradou aos investidores e ainda reflete nos negócios hoje. Nos EUA, ainda há reação de alguns balanços corporativos do quarto trimestre.
"Além de respingar o movimento de ontem alta em Nova York após o Fed, ainda absorve as decisões do Copom e de outros bancos centrais hoje BoE e BCE", diz Victor Hugo, especialista em renda variável da Blue3.
Segundo ele, o tom duro do BC do Brasil pode ser bem visto pelo compromisso de controlar a inflação, abrindo espaço para melhora do fiscal.
Apesar do resultado do balanço do Santander no quarto trimestre aquém do previsto pelo mercado, as ações tentam subir, influenciando o setor na B3. "Isso sugere que o lucro operacional do Santander menor que o esperado já foi precificado", diz Hugo, da Blue3.
O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial (que exclui o ágio de aquisições) de R$ 1,689 bilhões no período, queda de 56,5% em relação ao mesmo intervalo de 2021. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a baixa foi de 45,9%.
Segundo o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, o desempenho do setor hoje sugere também que o "caso Americanas" já foi precificado pelo mercado.
Ontem, o Copom manteve o juro básico em 13,75% ao ano, por unanimidade, ressaltando incertezas fiscais e o desvio de expectativas inflacionárias. A indicação de que o juro pode demorar a começar a cair pode afetar o fluxo de recursos para Bolsa. Nesta quarta, o índice Bovespa fechou em baixa de 1,20%, aos 112.073,55 pontos.
Na visão do economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, o recado dado pelo comunicado é bastante claro. "O espaço para corte da Selic neste ano está se fechando, à luz do ambiente cada vez mais difícil para o alcance dos objetivos da política monetária", avalia em relatório. "Nosso atual cenário, que contempla redução da Selic a partir de agosto e taxa de 12,0% ao final deste ano e 10,5% ao término de 2024, será reavaliado, com a clara perspectiva de ser adotada uma trajetória mais conservadora."
Em contrapartida, a sensação do mercado de que o Fed pode interromper o aperto monetário neste ano pode dar fôlego ao fluxo de capitais estrangeiros para países emergentes exportadores de commodities, como o Brasil, e ajudar a dar impulso ao real e à B3.
As bolsas europeias e a maioria das de Nova York sobem ainda na esteira do Fed, mas também após balanços. Ontem, o resultado da Meta (Facebook) agradou. Hoje, aguardam mais uma série de balanços de empresas dos EUA, incluindo as "big techs" Apple, Amazon e Alphabet (Google).
Já o Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE) elevaram suas taxas de juros em 50 pontos-base, como o esperado.
Já as commodities recuam. O petróleo cai abaixo de 0,7% e o minério de ferro negociado em Dalian, na China, cedeu 3,33%, a US$ 125,16. O declínio pesa nas ações ligados aos respectivos segmentos, especialmente em Petrobras e Vale. ""E as commodities caem por realização."
Às 11h49, o Ibovespa caía 0,36%, aos 111.666,21 pontos.