O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, calcula que a redução "muito significativa" do déficit em conta corrente em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado tem relação, principalmente, com o resultado da balança comercial.
"Trata-se de uma redução de 80% em relação a saldo negativo de R$ 6,9 bilhões do mesmo mês de 2022", salientou ele em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 6. Como já havia registrado o <b>Estadão/Broadcast</b>, o resultado de setembro foi o melhor para o mês desde 2020, mas o técnico lembrou que aquela era situação era peculiar, pois o mundo passava pelo auge dos efeitos da pandemia de covid.
"O resultado de agora aconteceu com o aumento do superávit da balança comercial", pontuou. Ele ressaltou que o saldo positivo do mês em questão e o do acumulado do ano são recordes na série histórica iniciada pelo BC em 1995 para setembro e para o período. Rocha disse ainda que o saldo comercial positivo também é o maior na série histórica do BC no resultado acumulado em 12 meses.
<b>IDP</b>
Fernando Rocha também disse que o saldo do Investimento Direto no País (IDP) de setembro foi o menor para o mês desde 2021. "Embora seja mais do que suficiente para financiar o déficit do setor externo, é o menor resultado desde 2021. Tivemos resultados baixos naquele ano por causa da pandemia, naturalmente. Depois houve recuperação e agora, em 2023, esses resultados estão mais baixos", comparou.
De acordo com Rocha, o déficit externo está em trajetória de redução e em valores baixos não apenas sob o olhar da economia brasileira mas também em termos internacionais, e segue financiado principalmente pelo IDP. Ele salientou, no entanto, que o ingresso de IDP ainda é 50% maior que o déficit em conta corrente.
O técnico lembrou que houve redução significativa em relação aos resultados de setembro de 2022, que ficou em R$ 9,6 bilhões – o número divulgado nesta segunda para setembro passado foi de um ingresso de R$ 3,8 bilhões. "Permanece a trajetória de redução do IDP em 2023."