A queda do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) ao piso histórico, como informou nesta quinta-feira, 07, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), levou a entidade a colocar em viés de baixa suas projeções para o desempenho do varejo neste ano.
Antes de revelar a edição de abril do indicador de confiança, a CNC projetava alta de apenas 0,3% para o varejo restrito e recuo de 5,2% para o varejo ampliado. Agora, é possível que os números sejam ainda piores, diz Fábio Bentes, economista da CNC. A deterioração das expectativas para o crescimento da economia é o principal fator por trás da queda na confiança.
“Nove em cada dez empresários do comércio veem piora na economia. É possível amarrar isso à evolução das expectativas de crescimento da economia”, afirma Bentes, lembrando que, no mês passado, 90,4% dos entrevistados para a sondagem da CNC perceberam piora das condições correntes da economia nacional, contra 61,3% em abril de 2014.
Segundo Bentes, a mediana das projeções para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano na mais recente edição do Boletim Focus, do Banco Central (BC), está em queda de 1,18%. Em maio de 2014, as projeções apontavam para um crescimento econômico de 1,8% em 2015.
O economista da CNC destacou ainda que as vendas do varejo em janeiro e fevereiro tiveram o pior desempenho para um primeiro bimestre desde 2003, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O comerciante está mal-humorado por causa das vendas”, diz Bentes.
Em meio a vários recordes negativos na série do Icec, iniciada em março de 2011, o economista da CNC chama atenção para a percepção dos comerciantes sobre seus estoques, item que demonstra a expectativa de curtíssimo prazo. De acordo com Bentes, 28,3% dos entrevistados para o Icec disseram estar com estoques acima do adequado, maior porcentual da série histórica desse quesito da pesquisa. No lado oposto, apenas 15,5% consideram estar com estoques abaixo do desejável.
