O dólar recua com uma realização parcial de lucros nesta terça-feira, 6, mas o ajuste perdeu força diante do fortalecimento da moeda americana frente pares rivais no exterior.
A curva longa dos Treasuries ainda exibe ligeira baixa em dia sem indicadores nos EUA e com expectativas voltadas para discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), previstos para a tarde.
Aqui, os investidores acompanham comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, antes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em evento do BTG Pactual. Campos Neto disse no início de sua fala que a dinâmica de inflação e crescimento nos EUA está gerando ruídos.
O real é beneficiado, por enquanto, pela alta do petróleo e notícias sobre medidas de estímulo na China. Ontem, o dólar à vista fechou aos R$ 4,9818, depois de ultrapassar os R$ 5,00 na máxima do dia (R$ 5,0181) afetado pela perspectiva de início de corte de juros nos EUA possivelmente no segundo trimestre após sinais de dirigentes do Fed e dados de serviços acima do esperado.
O regulador de mercado chinês encorajou empresas a conduzir recompras de ações, declarar dividendos e a tomar outras iniciativas para impulsionar seu valor. Já o Central Huijin Investment, fundo soberano que controla bancos estatais da China e grandes empresas, prometeu ampliar suas compras de ações. E o presidente da China, Xi Jinping, também deverá ter uma reunião com autoridades para discutir a recente fraqueza dos mercados acionários, segundo fontes anônimas ouvidas pela Bloomberg.
O mercado de câmbio olha também a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o Boletim Focus, além da deflação do IGP-DI de janeiro.
A ata do último encontro do colegiado informa que os integrantes da cúpula do BC debateram a extensão do ciclo de ajustes na política monetária. Na semana passada, o BC cortou a Selic em 50 pontos-base, para 11,25% ao ano.
Ao mesmo tempo, o comitê avaliou que houve um progresso desinflacionário relevante, como o esperado, mas salientou que ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta. Isso, conforme a cúpula do BC, exige "serenidade e moderação na condução da política monetária".
A ata indicou ainda que a projeção para o IPCA de 2024, no horizonte do BC para o cumprimento da meta de inflação, está em 3,5% no cenário de referência. A estimativa é igual à projeção do Copom anterior, em dezembro, e segue acima do centro da meta de 3,0%. O BC enfatizou na ata da reunião da semana passada que as expectativas de inflação seguem desancoradas e são um fator de preocupação."
No boletim Focus, as projeções para o IPCA ficaram estáveis em 3,81% para 2024, e em 3,50% para 2025, 2026 e 2027.
O BC informou ainda, mais cedo, que o estoque total de crédito subiu 1,4% em dezembro ante novembro, para R$ 5,782 trilhões.
Já o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou queda de 0,27% em janeiro, após uma alta de 0,64% em dezembro, no piso do intervalo das previsões do mercado financeiro, que estimavam desde uma queda de 0,27% a alta de 0,12%, com mediana negativa de 0,10%, de acordo com as instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast. Com o resultado, o IGP-DI acumulou uma redução de 0,27% no ano. Em 12 meses, houve recuo acumulado de 3,61%, praticamente no piso da estimativas, de -3,60%.
No setor corporativo, os American Depositary Receipts (ADRs) da Vale e da Petrobras sobem 0,46% e 0,95%, respectivamente, no pré-mercado de Nova York. A mineradora, que reiterou hoje que o conselho avalia renovação do presidente ou eventual sucessão, consegue driblar queda de 0,63% do minério de ferro em Dalian. Já a estatal pega carona na alta de 0,42% (Brent) e 0,48% (WTI) dos contratos futuros de petróleo.
Às 9h48, o dólar à vista caía 0,12%, a R$ 4,9760. O dólar para março cedia 0,23%, a R$ 4,9855. O índice DXY tinha viés de alta de 0,04%, a 104,49 pontos. O juro da T-Note 2 anos estava a 4,449%, ante 4,457% no fim da tarde de ontem em Nova York.