Embora tenha caído em desgraça international, o brasileiro Carlos Ghosn, um dos líderes mais poderosos da indústria automotiva, ainda pode contar com o apoio de pelo menos um país no mundo. No Líbano havia a expectativa de que Ghosn, que embora tenha nascido no Brasil tem ascendência libanesa (seus avós nasceram no país) e cuja família ainda detém grandes projetos no país, viria a ter um papel maior na política libanesa um dia, ou ajudaria a resgatar sua enfraquecida economia.
Em reação a sua prisão, políticos libaneses estão se mobilizando em sua defesa, com alguns sugerindo que o caso talvez seja parte de uma conspiração com motivações empresariais ou políticas e o governo estaria inclusive considerando extraditá-lo de Tóquio para que seja julgado no país.
Ghosn, principal arquiteto da aliança global firmada há quase duas décadas entre a francesa Renault e as japonesas Nissan e Mitsubishi e que ocupava o cargo de executivo-chefe do grupo, foi detido no Japão no mês passado sob suspeita de ter falsificado declarações de renda, entre outras irregularidades. Na sexta-feira, um tribunal japonês estendeu sua prisão por 10 dias.
O executivo é suspeito de ter usado uma subsidiária da Nissan na Holanda para dissimular pagamentos de quase US$ 18 milhões para a compra de um imóvel de luxo em um condomínio no Rio de Janeiro e de uma casa em Beirute. Além disso, Ghosn teria usado a subsidiária para fazer vários pagamentos à irmã mais velha, para consultoria, segundo uma fonte. Em um exemplo, ela recebeu uma comissão de US$ 60 mil para assessorar a habitação no Rio, mas a Nissan não encontrou provas de que a irmã realmente realizou o trabalho.
Famoso por sua capacidade de cortar custos e recuperar negócios em crise, as investigações sobre Ghosn tiveram início a partir de uma denúncia interna. (Fabiana Holtz, com informações da Associated Press – [email protected])