Estadão

Queda em NY dificulta Ibovespa para definir tendência

O viés de baixa das bolsas em Nova York dificulta o Ibovespa de definir uma tendência nesta quinta-feira, 6, último pregão da semana, dado que, na sexta-feira, os mercados locais ficarão fechados por conta do feriado da Sexta-feira Santa. Lá fora, também não funcionarão e os investidores estão à espera do relatório de emprego dos Estados Unidos de março, que sai nesta sexta-feira, mas a reação ficará para segunda-feira. Aqui, os investidores monitoram eventuais sinais sobre as novas regras fiscais e sobre a política de preços da Petrobras.

Com a folga desta sexta-feira, o quadro é de cautela hoje nos mercados e a liquidez tende a ser reduzida. A agenda esvaziada provoca instabilidade. Por ora, o índice Bovespa indica que encerrará a semana em queda, dado que acumula variação negativa de 0,89% no período, após subir 3,09% na anterior.

Às 11h41, o Ibovespa caía 0,17%, aos 100.803,72 pontos, após subir 0,64%, na máxima aos 101.627,96 pontos.

"Ainda pode tentar uma recuperação técnica depois da queda de ontem do Ibovespa", avalia Dennis Esteves, sócio e especialista em renda variável na Blue3 Investimentos.

Esteves observa que há sinais de um olhar mais favorável do investidor estrangeiro ao Brasil, ao citar a emissão do Tesouro Nacional anunciada ontem. "A procura sugere que o investidor pode estar olhando com bons olhos esse arcabouço fiscal e ainda tem o impacto positivo da fala de ontem do presidente do Banco Central, atenuando os atritos com o governo", diz.

Na expectativa de apresentação do arcabouço fiscal no Congresso nos próximos dias, os investidores acompanharam mais cedo a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à <i>BandNews TV</i>. Entre outras afirmações, disse que há cerca de 400 a 500 empresas com "superlucros" que com "expedientes ilegítimos fizeram constar no sistema tributário o que é indefensável, como subsidiar o custeio de uma empresa que está tendo lucro".

Para Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, há sinais de melhor sintonia no governo, sobretudo entre Haddad e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. "A poeira começa a baixar após dois meses de estresse. Vemos um cenário melhor, numa indicação de que as coisas começam a funcionar ", diz

Ao mesmo tempo, as ações da Petrobras seguem no radar, após os ruídos envolvendo a estatal ontem sobre mudança na política de preços da empresa. No exterior, saiu o índice de auxílio-desemprego dos Estados Unidos, que mostrou resiliência do mercado de trabalho, observa Dennis Esteves, sócio e especialista em renda variável na Blue3 Investimentos.

Os papéis da Petrobras operam perto da estabilidade, em meio ao também sobe e desce moderado do petróleo no exterior. "Incertezas em torno da política de preços da Petrobras devem continuar elevadas", cita em nota a MCM Consultores. Ontem, o Conselho de Administração da estatal reagiu e pediu explicações às declarações do ministro de Minas e Energia (MME) sobre mudanças na política de preços da companhia e possíveis reduções no diesel em suas refinarias, conforme apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

As ações ligadas ao minério, que fechou em baixa de 1% em Dalian, na China, caem de forma moderada, em sua maioria.

Na quarta, o Ibovespa fechou em baixa de 0,88%, aos 100.977,85 pontos. Nesta manhã, as bolsas americanas caem moderadamente, enquanto na Europa, as bolsas sobem.

"Com o fechamento dos mercados amanhã nos Estados Unidos e em outras praças, deve prevalecer uma linha mais cautelosa, tendo em vista a relevância dos indicadores visando apostas para a próxima decisão do Fed, no início de maio", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, em nota.

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