A alta de pouco mais de 1,50% nas cotações do petróleo e sinais de anúncio de estímulos à economia chinesa são insuficientes para incitar valorização do Ibovespa. Internamente, prosseguem as dúvidas em relação à desoneração da folha de pagamentos, o que tem provocado instabilidade na relação entre o governo e o Congresso.
"Há uma cautela fiscal, uma instabilidade", observa o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
Os índices futuros de ações norte-americanos e as bolsas europeias caem, em meio a dados conflitantes na Europa e no aguardo de pistas sobre queda de juros no mundo, sobretudo nos Estados Unidos.
A grande expectativa é pela divulgação do CPI americano, índice de inflação ao consumidor que será divulgado na quinta-feira. Hoje, saiu apenas a balança comercial, cujo déficit recuou 2% na comparação mensal de novembro, a US$ 63,21 bilhões, ante previsão de -US$ 64,7 bilhões.
Segundo cita em relatório a PRX Capital, são esperadas variações de 0,2% tanto no núcleo do CPI quanto no índice cheio. Com isso, a inflação americana atingiria o nível acumulado em 12 meses de 3,2%, após 3,1% em novembro do ano passado. Ou seja, acima da meta de 2%.
"Os mercados estão em compasso de espera por algo relevante da agenda, estão muito dependentes e reativos a dados, principalmente de emprego e de inflação", reforça Victor Hugo Israel, especialista da Blue3 Investimentos, lembrando que na semana passada o destaque foi o relatório de emprego dos EUA, o chamado payroll, enquanto nessa serão as divulgações do CPI e do PPI, do atacado, na quinta e na sexta, respectivamente.
Na Europa, saíram dados conflitantes, com a produção industrial da Alemanha caindo, contrariando previsão de estabilidade, e a taxa de desemprego da zona do euro cedendo.
No Brasil, fica no radar a reunião prevista para hoje entre líderes do Senado com o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para debater a MP da compensação pela desoneração da folha.
Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) caiu 0,67% na primeira prévia de janeiro, ante recuo de 0,26% em igual leitura de dezembro. A queda é incapaz de animar na Bolsa, dado que os juros futuros avançam apesar do recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. O dólar à vista também sobe ante o real.
No Ibovespa, destaque à queda de ações de grandes bancos, com recuo maior de Bradesco, após o Goldman Sachs recomendar venda dos papéis. Às 11h21, Bradesco caía 1,79% (ON) e -1,55% (PN).
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,31%, aos 132.426,54 pontos. Às 11h22, cedia 0,52%, aos 131.770,77 pontos, após abrir aos 132.423,55 pontos, com variação zero. Na mínima, atingiu 131.419,32 pontos, com recuo de 0,76%.
"Hoje, aqui e lá fora há uma realização de lucros, uma realização técnica, nada estrutural", diz Israel, especialista da Blue3 Investimentos.
Com a alta do petróleo perto de 2,00%, as ações da Petrobrás subiam, mas com menos intensidade, entre 0,49% (PN) e 0,76% (ON). Já Vale ON caía 0,89%, acima da queda de 0,25% do minério de ferro em Dalian, na China.