A despeito de os resultados da produção industrial de abril terem mostrado declínios ligeiramente menos expressivos que o esperado pelo economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves Melo, ele afirmou que os números não mudam o cenário desfavorável do setor industrial, que vem acumulando várias quedas consecutivas.
Em sua opinião, os dados reforçam que o quadro de piora da economia ainda está por vir. Segundo ele, as taxas divulgadas na Pesquisa Industrial Mensal (PIM), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reiteram que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre poderá ter retração, na faixa de 1,7%, ante o anterior, portanto mais expressiva que o recuo de 0,2% do primeiro trimestre. “Precisa de mais ajuste na indústria, de ajustes nos estoques. É um cenário significativamente sombrio para os próximos meses”, afirmou nesta segunda-feira, 2, Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
De acordo com o IBGE, a produção industrial caiu 1,2% em abril ante março, na série com ajuste sazonal. Em relação ao quarto mês de 2014, a produção caiu 7,6%. A Icatu esperava retração de 1,4% na margem e baixa de 8,10% na comparação interanual.
Com estoques ainda elevados e o consumo relativamente fraco, a indústria está numa parte do ciclo “complicada” neste momento de ajustes, com desaquecimento do mercado de trabalho e diminuição da massa salarial, observou. Neste sentido, o economista não estima, pelo lado da demanda, crescimento nas vendas de vários bens que são produzidos pela indústria. “Quando olhamos os indicadores de confiança, a intenção de compra de bens duráveis dá um sinal ruim. Possivelmente, a indústria terá de cortar mais a produção”, afirmou, sinalizando que o setor também pode ter que cortar mais empregos.