O desaquecimento contínuo da atividade econômica, que foi evidenciado pelo resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta quarta-feira, 1, e a consequente diminuição dos investimentos têm impacto direto sobre o setor aéreo brasileiro, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Isso porque afeta a demanda e o tráfego doméstico.
“As pessoas estavam se deslocando para uma série de regiões do País fora do eixo Rio-São Paulo que vinham recebendo investimentos ao longo da última década. A diminuição dos investimentos gera a redução de demanda para esses destinos”, destacou Sanovicz, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Sanovicz mostrou preocupação com o segmento de viagens a negócios. “O PIB mostra o desaquecimento contínuo da economia, o que leva a uma redução brutal nos passageiros corporativos, que são os viajantes de maior rentabilidade, porque compram passagens de última hora e pagam um tíquete médio mais alto”, destaca o presidente da Abear.
Para Sanovicz, a combinação entre os dados de atividade, a alta do câmbio e a queda na tarifa média tem feito com que os números do setor aéreo apresentem quedas sucessivas. Em abril, a demanda doméstica por viagens aéreas recuou 12,22% na comparação com o mesmo mês de 2015 – este foi o nono mês consecutivo de queda seguida no indicador e o pior desempenho mensal da demanda doméstica desde fevereiro de 2013.
“Para nós, a consequência desse cenário é a redução da malha, de modo a adaptá-la à demanda. É uma situação delicadíssima para a sustentabilidade econômica das empresas”, afirma Sanovicz.
O PIB do País recuou 0,3% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao quarto trimestre de 2015. Já a FBCF, que reflete os investimentos, caiu 2,7% no período, na mesma base de comparação.