Estadão

Quem é Darlan, destaque do vôlei que faz jutsu de Naruto e disputa posição com o irmão

O oposto Darlan Souza saiu do banco de reservas do Maracanãzinho, domingo, para marcar 23 pontos e liderar o Brasil na vitória por 3 sets a 2 (22/25, 25/16, 25/20, 21/15 e 16/14) sobre a República Checa no Pré-Olímpico de vôlei. A cada ponto marcado e antes dos saques, o jovem de 21 anos fazia gestos que parecem estranhos aos desavisados, mas que são mundialmente conhecidos entre os fãs de animes, gênero de desenho animado típico do Japão.

Os movimentos feitos por Darlan com as mãos são jutsus , uma técnica ninja utilizada pelos personagens de "Naruto", anime muito popular no Brasil e um dos favoritos do atleta, que é completamente fascinado pela cultura japonesa. O fascínio é manifestado também em seu braço direito, onde tem uma tatuagem enorme de Kyojuro Rengoku, personagem da série de mangá e anime "Demon Slayer".

Em julho do ano passado, quando foi chamado para a Liga das Nações, disputada justamente no Japão, ficou extasiado. "Quando eu soube que iria ao Japão com a seleção masculina foi uma alegria imensa. Contei para os meus irmãos e meus pais na hora. Fiquei animado e um pouco ansioso. O foco aqui a Liga das Nações, os treinamentos e os jogos, mas vivenciar um pouco a cultura já é uma experiência incrível", disse na ocasião, já em solo japonês.

A celebração em forma de jutsus já é marca registrada de Darlan, tanto na seleção quanto no Sesi-Bauru, há algum tempo, a ponto de virar assunto entre os dubladores de Naruto no Brasil. Úrsula Bezerra, Tati Keplmair e Robson Kumode divulgaram um vídeo, antes do Mundial de Vôlei de 2022, interpretando seus respectivos personagens, para desejar sorte ao oposto.

DISPUTA COM O IRMÃO
Para ter a oportunidade de exibir sua carismática celebração, Darlan vive uma disputa de posição com seu irmão mais velho, Alan Souza, de 29 anos, campeão do Mundial e da Liga das Nações em 2019 e 2021, respectivamente, pois ambos são opostos. Foi justamente no lugar de Alan que ele entrou no domingo, contra a República Checa, para decidir a partida para o Brasil.

"Eu sei que é difícil eu entrar porque ele (Alan) joga bem a maioria dos jogos. Mas cara, eu estou ali. De pouco em pouco eu vou conquistar meu espaço, vou mostrar nos treinos, e nos jogos que eu entrar. Então é seguir trabalhando para quem sabe um dia ir pra Olimpíada e ser titular da seleção", disse Darlan após a vitória.

Alan, por sua vez, exaltou a atuação do irmão caçula. "O coletivo foi muito importante hoje. Muitas peças entrando e saindo do lugar. O Darlan entrou e fez um jogo extraordinário. Não tem como contestar. A seleção brasileira é coletivo. A gente ainda tem muito que melhorar algumas coisas, mas é esse o espírito. O que importa é a vitória, independentemente do placar".

A primeira convocação de Darlan para a seleção adulta foi aos 19 anos, para as etapas da Bulgária e do Japão da Liga das Nações de 2022, ocasião em que ganhou oportunidade como titular por causa de uma lesão do irmão, que rompeu o tendão de Aquiles. Hoje, a disputa entre os dois é das mais acirradas. No sábado, um dia antes Darlan ser o protagonista no triunfo diante dos checos, Alan cumpriu o mesmo papel e foi o maior pontuador da vitória por 3 sets a 0 sobre o Catar, com 14 pontos.

Os irmãos foram criados em Nilópolis, cidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, por isso a disputa do Pré-Olímpico na capital carioca facilitou a presença de familiares na arquibancada. Dona Aparecida, a mãe da dupla, tem assistido aos jogos no Maracanãzinho. Ao final da partida de domingo, os filhos pularam as placas de publicidade e correram para abraçá-la.

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