Estadão

Quem é Kelvin Hoefler, skatista visto como lobo solitário que busca 2º pódio olímpico

A medalha de prata conquistada por Kelvin Hoefler na disputa de street na Olimpíada de Tóquio, em 2021, é histórica para o skate brasileiro. Foi o primeiro pódio alcançado pelo País na modalidade, que estreou nos Jogos Olímpicos justamente naquela edição. Agora, em Paris, Kelvin está na final e vai buscar mais uma medalha.

Depois do ótimo desempenho do Brasil, com medalhas de prata também para Rayssa Leal no street e Pedro Barros no park, os skatistas passaram a ganhar mais atenção do público geral e da mídia.

Para Kelvin, o pós-Tóquio foi de algumas mudanças. Com a cabeça voltada para outros assuntos, teve uma temporada abaixo do que poderia oferecer em 2022. "Acho que eu não estava focado o suficiente nos eventos de skate, estava fazendo outras coisas. Estava mais filmando e fazendo coisas com a família. Eu senti um pouco depois dos Jogos Olímpicos", contou em entrevista ao site oficial dos Jogos Olímpicos.

Foco e disciplina eram justamente as principais qualidades do atleta paulista, até por isso voltaram a aparecer em 2023 e 2024, ano em que se fortaleceu com bons resultados na corrida olímpica rumo a Paris-2024. Depois do pódio em Tóquio, o skatista passou a ser visto, de fora, como uma espécie de "lobo solitário", por aparentar estar mais afastado dos demais integrantes da seleção de street. Ao mesmo tempo, era clara a boa relação dele nomes como Pâmela Rosa, por exemplo.

"Eu estava focado. A missão era ganhar o bagulho", disse Kelvin ao podcast PodPah, pouco depois da Olimpíada no Japão. "Se fosse para ficar de funçãozinha , eu ficava aqui no Brasil. Viajei 20 horas ara ganhar o bagulho. O pessoal que estava de função não ficou concentrado no que estava lá pra fazer. Eu tinha missão e fui fazer. Eu foquei, estudei, fui para ganhar."

Em 2022, ele reforçou a imagem de outsider ao deixar a seleção brasileira por discordâncias com a Confederação Brasileira de Skate (CBSk). Mais recentemente, no início deste ano, foi o único dos principais competidores do skate nacional que não declarou apoio à CBSk na briga institucional com a World Skate – que chegou a desfiliar a entidade nacional de seu quadro, mas teve de aceitá-la de volta após decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS).

Nascido em Itanhaém, Kelvin Hoefler cresceu no Guarujá, onde começou cedo no skate. Nos primeiros anos da vida adulta, após já ter se destacado em campeonatos na Europa, mudou-se para Los Angeles, nos Estados Unidos, e se hospedou por algum tempo na cozinha do apartamento de Ana Paula Negrão, hoje sua mulher e treinadora. Desenvolveu suas habilidades em território americano e, aos poucos, começou a empilhar títulos.

O skatista paulista tem dois ouros, três pratas e dois bronzes do X-Games, além de ter sido o campeão da Liga Mundial de Skate Street (SLS) em 2015. No atual ciclo olímpico, disputado em circuito organizado pela World Skate – sem relação com a SLS, como foi no ciclo passado -, só subiu em um pódio, quando foi terceiro colocado no Pro Tour de Roma em 2023.

No último qualificatório olímpico, terminou em oitavo lugar, posição que o ajudou a se classificar para as Olimpíadas como melhor brasileiro do ranking, em 14º lugar, apenas uma posição acima de Giovanni Vianna.

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