Mais uma vez, entre tantos problemas que afetam diretamente a população brasileira, um assunto toma a conta da mídia, mesmo que grande parte da sociedade, esteja dando de ombros para o tema. Trata-se do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, que foi multiplicado em 20 vezes enquanto exercia o mandato de deputado federal depois de ter sido ministro da Fazenda no governo Lula, conforme apontou reportagem da Folha de S.Paulo no último fim de semana.
Como se fosse a coisa mais natural do mundo, a tropa de elite do governo federal, da mesma forma como se tratou o mensalão, sai em defesa de Palocci. Utilizam a legalidade, comparando-o a outros 273 deputados federais e senadores da atual legislatura, que são sócios de estabelecimentos comerciais, industriais, de prestação de serviços ou de atividade rural. Ou seja, nada demais ele ter se dado bem financeiramente em sua empresa nos mesmos quatro anos que ficou no Congresso. E não há mesmo.
Porém, trata-se do ministro Antonio Palocci, um homem que, além de ter sido deputado petista e ex-ministro da Fazenda de Lula, é reconhecidamente um homem-forte da atual e da administração anterior. Só deixou o cargo no primeiro mandato de Lula pelo escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo. Na posição que sempre ocupou, é de se supor que ele teria condições especiais para interferir em decisões governamentais a favor de seus clientes. O prestígio dele dentro do PT e sua notória ligação com os principais dirigentes do país, inclusive o ex-presidente Lula, colocam-no em situação privilegiada neste mercado de consultorias.
Desta forma, neste momento, diferente do que defende o Planalto, cabem sim esclarecimentos públicos em relação à origem da nova fortuna.
Palocci precisa explicar o que, exatamente, fazia a sua empresa enquanto ele trabalhava pelo país. Serviria para revelar quais foram os clientes que contrataram seu escritório de consultoria. Assim, a opinião pública saberia, por meio do cruzamento de informações, se eventuais decisões do governo beneficiaram de alguma forma algum deles. Se não há nada de errado, nada melhor que a transparência.