Ángela Álvarez foi a sensação do Grammy Latino 2022. A cantora cubana de 95 anos ganhou na categoria revelação ao lado da mexicana Silvana Estrada, de 25 anos. O anúncio foi feito na noite desta quinta-feira, em cerimônia em Las Vegas que contou com apresentação de Anitta, prêmios para vários artistas brasileiros, incluindo as cantoras Liniker e Ludmilla, e estrangeiros, como Rosalía e Jorge Drexler, além de homenagem a Gal Costa, que morreu no início do mês.
Nascida em Cuba, de onde saiu em 1959 para viver nos Estados Unidos, ela gravou seu primeiro álbum, que leva seu nome, apenas em 2021. Disponível em plataformas de streaming, o disco traz 15 composições próprias, canções de ninar, e realiza o sonho desta mulher que escreveu sua primeira música aos 14 anos, mas que precisou se dedicar a outros trabalhos. Para sobreviver, ela trabalhou na colheita de tomate e também na limpeza de escritórios em um banco.
Ángela é avó do compositor e produtor Carlos José Álvarez. Foi ele que a encorajou a se lançar, profissionalmente, na carreira de cantora. Suas músicas eram conhecidas apenas dentro da família – ela é mãe de quatro filhos, tem nove netos e 15 bisnetos.
No palco do Grammy Latino, ela disse que estava dedicando o prêmio "a Deus e à minha amada pátria, Cuba, que jamais poderei esquecer, e também a todos aqueles que ainda não realizaram o seu sonho."
"Mesmo que a vida seja difícil, sempre há uma saída e com fé e amor poderemos encontrá-la. Garanto que nunca é tarde", disse ainda Ángela Álvarez em seu discurso. Ela foi muito aplaudida.
Depois da premiação, ela concedeu uma entrevista coletiva e até cantou: "Pedacito de patria, pedacito de cielo, eres tú mi consuelo, a ti quiero volver y contemplar tus paisajes para extasiarme de nuevo".
"O que sinto é inexplicável", ela disse. "A música é a linguagem da alma. Podemos entender tantas coisas por meio da música", ela também disse.
A cantora nunca recebeu uma formação musical, e creditou a Deus a qualidade de sua voz.