Engordando a rodada de US$ 300 milhões anunciada em maio, a startup imobiliária QuintoAndar revelou ao Estadão que levantou um aporte adicional de US$ 120 milhões (mais de R$ 600 milhões), liderado pelo fundo americano GreenOaks e pelo grupo chinês Tencent, que procuraram a startup para participar do cheque. Com isso, o valor de mercado da "proptech" saltou de US$ 4 bilhões para US$ 5,1 bilhões.
Apesar do "chorinho", que fez a rodada chegar a US$ 420 milhões, os planos do QuintoAndar continuam os mesmos: expandir a interiorização pelo Brasil, que começou em sete cidades do interior paulista, em junho, e iniciar a internacionalização pela Cidade do México, ainda sem data revelada. A empresa, que ganhou mercado com serviço de aluguel, também está investindo na área de compra e venda de imóveis.
Ao <b>Estadão</b>, o presidente do QuintoAndar, Gabriel Braga, afirma que é importante manter esses dois eixos de crescimento para sustentar o ritmo de expansão – nos últimos anos, o QuintoAndar esteve focado apenas em amadurecer a operação em capitais brasileiras, principalmente São Paulo. "É como se fossem diferentes safras, em que alguns municípios estão em estágio de desenvolvimento mais avançado do que outros", explica. "Estamos plantando agora para colher daqui a cinco anos e nos tornarmos líderes nessas novas regiões."
Para Pedro Waengertner, cofundador da empresa de inovação Ace, o movimento de interiorização da startup trará desafios: por funcionar como um marketplace, a companhia terá de achar um ponto de equilíbrio entre oferta de imóveis e demanda de clientes em municípios com menos oportunidades do que as grandes capitais.
"Equacionar essas duas pontas é um trabalho que não acaba. Quantas cidades no interior serão relevantes para o QuintoAndar? É um grande trabalho de execução", explica. Atualmente, a startup opera em mais de 40 cidades no Brasil.
<b>Competição</b>
O QuintoAndar reforça sua capitalização em um momento de alta concorrência no setor de startups imobiliárias. A Loft, especializada em compra e venda de imóveis, fechou uma rodada de investimento de US$ 525 milhões em abril, atingindo avaliação total de US$ 2,9 bilhões. Em julho, outra propetech, a EmCasa, levantou R$ 110 milhões.
O "chorinho" da rodada de US$ 420 milhões deixa um recado claro, diz Waengertner: "Esse novo aporte do QuintoAndar é uma forma de fazer frente à concorrência. Se estivessem operando sozinhos, não haveria tanta pressa em levantar mais dinheiro."
Para Gabriel Braga, no entanto, ao contrário das rivais, o QuintoAndar possui a vantagem de ter a "polinização cruzada". O executivo diz que um mesmo cliente pode optar por colocar o apartamento para alugar ou ser comprado na plataforma – opção que os concorrentes, focados apenas em compra e venda, não oferecem.
"Se você é inquilino, comprador ou locatário, você quer ir para a plataforma em que todos os imóveis estejam e em que há maior liquidez e com mais clientes. E isso beneficia o nosso modelo de negócio", comenta o presidente do QuintoAndar.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>