Os principais candidatos a suceder David Cameron no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido apresentaram suas diferentes visões neste domingo sobre quando a nação deve iniciar o processo de saída da União Europeia e se o novo líder deve ser alguém que fez campanha para o Brexit antes do referendo.
A secretária de Assuntos Internos, Theresa May, que apoiou a permanência na UE antes do referendo, emergiu como a favorita em um campo de cinco candidatos. Seus principais adversários são o secretário de Justiça Michael Gove e Andrea Leadsom, ministra no departamento de energia e mudanças climáticas, ambos com papéis de destaque no grupo principal que fez campanha para a saída do Reino Unido da UE, ou Brexit. Também estão na disputa Stephen Crabb, ministro responsável por trabalho e pensões, e o ex-ministro da Defesa Liam Fox, mas com menores chances de vitória.
Duas questões têm dividido os principais candidatos: o quão rápido o Reino Unido deve acionar o artigo 50, o processo formal para sair da UE, e se o próximo primeiro-ministro deve ser alguém que fez campanha para deixar o bloco.
Theresa disse neste domingo acreditar que o Reino Unido só deve iniciar o processo de saída uma vez que tenha formulado a sua estratégia de negociação para um novo relacionamento com a UE, uma posição também defendida por Gove, enquanto Andrea argumenta que o processo deveria começar sem demora.
“O importante para nós é conseguirmos o acordo correto – e esse é um acordo que seja sobre controle da livre circulação, mas que também garanta que tenhamos a melhor solução possível no comércio de bens e serviços”, disse Theresa, em uma entrevista à ITV. “Temos de ser claros sobre qual é a nossa posição de negociação antes de acionar o artigo 50 porque, uma vez que o acionarmos, em seguida, todos os processos vão começar.”
Falando à BBC TV neste domingo, Andrea disse que o processo de deixar a UE deve começar o mais rápido possível – uma visão também defendida por alguns Estados membros da UE que não querem que o calendário para as negociações do Brexit seja ditado pelas disputas internas do Partido Conservador.
“Precisamos ir em frente, precisamos aproveitar a oportunidade. Não é apenas sobre deixar a UE, mas trata-se de dar segurança às empresas, trata-se de dizer ao mundo que estamos abertos para negócios, vamos obter alguns acordos de livre comércio assim que for possível”, disse Andrea, acrescentando que também é preciso mostrar que o governo está abordando as preocupações da população sobre migração da UE. “Precisamos assumir o controle e fazer progressos.”
Gove e Andrea têm argumentado que o próximo primeiro-ministro deveria ser alguém que fez campanha para o Brexit, argumentando que apenas alguém com essa visão pode representar adequadamente o país nas negociações de saída da UE. Theresa discordou, dizendo que o importante é a visão para o futuro do país, acrescentando que está claro que “Brexit significa Brexit”.
Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e uma das principais vozes pró-Brexit, apontado com um favorito na disputa pelo cargo de primeiro-ministro, anunciou na quinta-feira que não vai concorrer. Fonte: Dow Jones Newswires.