O possível adversário do Palmeiras na semifinal do Mundial de Clubes é um time com muita experiência internacional, comandado pelo mesmo técnico há dez anos e com um jogador com passagem pela seleção brasileira, o volante Rafael Carioca. É com todas essas credenciais que o Tigres, do México, quer ser a primeira equipe do país a chegar à decisão do torneio e se intrometer em uma disputa quase sempre restrita ao domínio europeu e sul-americano. A estreia no Mundial será nesta quinta contra o Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul. Quem vencer vai enfrentar o Palmeiras no domingo.
Em entrevista exclusiva ao <b>Estadão</b>, Rafael Carioca contou sobre a preparação do time e o otimismo do elenco. O Tigres conquistou no fim do ano passado o título inédito da Liga dos Campeões da Concacaf, torneio voltado para times das Américas Central, do Norte e do Caribe. A conquista foi especial porque o clube conseguiu repetir o feito do rival da mesma cidade, o Monterrey.
Apesar de ter uma liga forte e de contar com investimentos pesados em contratações, o futebol mexicano nunca foi além do posto de semifinalista em Mundial de Clubes. O Tigres quer mudar essa história. "Os times mexicanos nunca tiveram um destaque grande no mundial. Nós vamos ter essa oportunidade. Nosso ponto forte é a experiência. Muitos jogadores rodados, que disputaram Copa do Mundo, que são frequentemente convocados para as seleções de seus países", explicou Rafael.
O jogador revelado pela base do Grêmio teve passagens por Spartak Moscou e Vasco até chegar ao Atlético-MG, onde ficou de 2014 até 2017. Convocado pelo técnico Tite em 2016, Rafael Carioca aceitou no ano seguinte a proposta para se transferir para o Tigres e gosta de viver em Monterrey, cidade próxima à fronteira com os Estados Unidos. "A cidade é muito parecida com algumas do Brasil. Eu sou do Rio de Janeiro, até que parece bastante, mas não tem praia. Mas o clima, a comida, são bem parecidos e isso ajudou muito. A minha relação com a torcida é a melhor possível", afirmou.
Titular do time, Rafael Carioca é dirigido pelo brasileiro Ricardo Ferretti, uma figura muito conhecida no futebol mexicano e que mora no país desde os anos 1970. Sob o comando dele, o Tigres foi vice-campeão da Libertadores de 2015, quando perdeu a final para o River Plate. O elenco vai ao Mundial do Catar com 23 jogadores, dos quais dez são estrangeiros de sete nacionalidades diferentes.
A estrela é o atacante francês Gignac, que disputou a Copa de 2010. A equipe tem ainda jogadores da seleção mexicana (Salcedo, Ayala e Rodriguez) e da seleção argentina (Guido Pizarro). Há também colombianos, equatorianos, uruguaios e paraguaios. "É um time que joga junto há bastante tempo, tem uma base muito forte, um treinador que conhece bem o clube, que está há dez anos aqui. Então, acredito que temos tudo para fazer história", contou Rafael. A única baixa do elenco para a ida ao Mundial foi do atacante uruguaio Nico López, ex-Inter. Ele testou positivo para covid-19 e não viajou.
O poderio financeiro faz o Tigres parecer favorito contra o Ulsan. Mas Rafael não pensa assim. "Temos que ir por partes, jogo a jogo. Teremos um jogo difícil. No Mundial não existe time bobo. Cada time que estará lá foi campeão de uma competição forte de seu continente. Vai ser muito complicado contra o Ulsan", comentou o volante, que torce pela oportunidade de reencontrar o futebol brasileiro na semifinal.
Além do Atlético-MG, onde ficou por mais tempo, o volante brasileiro teve passagens sem destaque por Grêmio, seu primeiro time profissional, em 2008, e ainda no Vasco, por empréstimo, em 2010. Foram atuações de apenas uma temporada. Em Porto Alegre, ele não se adaptou à cidade. Já foi chamado de "marrento" pelo técnico Vagner Mancini.