O atletismo brasileiro vai levar para o Campeonato Mundial de Oregon, nos Estados Unidos, que começa no dia 15, a sua melhor geração de atletas nos 110m com barreiras. Rafael Pereira, Gabriel Constantino e Eduardo de Deus vêm acumulando bons resultados e superaram um recorde no Troféu Brasil que já durava quase 20 anos.
Na final da prova no XLI Troféu Brasil Loterias Caixa Interclubes de Atletismo, no Rio, na semana passada, os três pulverizaram o melhor tempo da história do campeonato de 13s34. A marca persistia desde 2005. No torneio, os três ratificaram o índice de 13s32 exigido pela federação internacional de atletismo (World Athletics).
Rafael conquistou o bicampeonato no torneio com 13s17, novo recorde brasileiro e sul-americano. Com o tempo, o atleta do clube Clã Delfos-MG subiu da 13.ª para a sexta marca no ranking da World Athletics. Na Europa, ele já tinha conseguido correr em três provas abaixo de 13s30, entre elas a prata no Meeting de Paris, em etapa da Diamond League, com 13s25. "O recorde não deixou de ser uma surpresa. Melhorei três vezes este ano meu recorde pessoal, a última na etapa de Paris da Liga Diamante, onde corri 13s25", afirmou Rafael.
O segundo colocado foi Gabriel Constantino (ICB-RJ), com 13s23. Ele era o recordista anterior (brasileiro e sul-americano) com 13s18, tempo conquistado em Székesfehérvár, na Hungria, em 2019. Eduardo de Deus (CT Maranhão-MA) ficou em terceiro lugar, com 13s27.
O trio já superou as marcas de atletas importantes na história da prova. Entre 2000 a 2008, o Brasil tinha, até então, os donos dos melhores tempos do atletismo nacional. Eram eles: Márcio Simão (13s38); Matheus Inocêncio (13s34) e Redelen Melo dos Santos (13s29). Hoje, Eduardo (13s27), Gabriel (13s19) e Rafael (13.17) superaram essas marcas.
"Esta é sem dúvida a melhor geração do Brasil na prova", afirma Cleberson Lopes Yamada, especialista em atletismo e técnico dos 400m sobre barreiras nos Jogos do Rio 2016. "Acho que os três devem ir para a semifinal no Mundial. As maiores chances de chegar à final são do Rafael pelos resultados que ele vem conquistando. Ele competiu com os melhores na Europa e foi bem. Isso é consistência", completa.
O especialista opina que a colocação de Rafael, Gabriel e Eduardo entre os 10 ou 15 do mundo já seria espetacular para o atletismo brasileiro. "Meu sonho imediato é disputar a final do Mundial e tentar brigar por uma medalha. Depois, claro, é participar da Olimpíada de Paris, em 2024", disse Rafael, que representou o Brasil nos Jogos de Tóquio e chegou às semifinais.