Em um pronunciamento veemente, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, pediu nesta sexta-feira ao Senado que ative uma cláusula constitucional que permite ao governo central assumir funções da administração regional da Catalunha para frear uma iniciativa de independência. A situação atual representa uma “violação legal e tem consequências”, argumentou.
Rajoy, que foi bastante ovacionado antes e depois do discurso, afirmou ao Senado que a Espanha enfrenta um desafio inédito em sua história recente. “Estamos ante uma violação flagrante e evidente das leis e portanto da democracia e dos direitos de todos e tudo isso tem consequências”, afirmou o premiê.
A autoridade disse que a primeira medida do governo seria destituir o presidente regional, Carles Puigdemont, e sua equipe de governo, caso o Senado autorize a ativação do artigo 155 da Constituição. A votação dos senadores sobre o tema deve ocorrer mais tarde nesta sexta-feira. Rajoy argumentou que as medidas especiais são a única maneira de resolver a crise e que o Estado não está retirando liberdades dos catalães, mas sim protegendo-os.
Também o Parlamento regional catalão tem uma sessão prevista para esta sexta-feira, que poderia terminar em mais um passo para declarar a independência da Espanha.
O conservador Partido Popular, de Rajoy, tem maioria absoluta no Senado, o que garante a aprovação de suas propostas. Depois dependerá do governo decidir quais medidas serão tomadas e quando. Deve ser a primeira vez em quatro décadas de democracia na Espanha que o governo em Madri assume o controle direto de uma das 17 comunidades autônomas do país. Isso poderia, porém, dar impulso ao movimento catalão pela independência.
Rajoy afirma que as medidas pretendem restaurar a ordem e prometeu convocar eleições regionais assim que consiga esse objetivo.
Puigdemont acabou na quinta-feira com a esperança de um possível final para a crise política ao não convocar ele mesmo eleições antecipadas. A Catalunha representa um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol e as pesquisas mostram que seus 7,5 milhões de habitantes estão divididos aproximadamente pela metade na questão da independência. Fonte: Associated Press.