O governo da Rússia disse nesta sexta-feira, 9, que teme uma retomada dos combates em grande escala no leste da Ucrânia e pode tomar medidas para proteger os civis russos lá, um alerta severo feito em meio a um aumento de tropas russas ao longo da fronteira sul. A declaração de Dmitri Pescov, porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, refletiu a determinação do Kremlin em impedir o governo ucraniano de usar a força para tentar retomar o território controlado pelos separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
As Forças Armadas da Ucrânia afirmaram nesta sexta-feira que não lançarão uma ofensiva contra os separatistas pró-Rússia que controlam duas regiões do leste do país, em meio aos crescentes temores de uma escalada militar na região.
"A liberação dos territórios ocupados de maneira temporária pela força levará inevitavelmente à morte de um grande número de civis e baixas militares, o que é aceitável para a Ucrânia", disse Ruslan Khomchak, comandante das Forças Armadas ucranianas, em um comunicado.
Nas últimas semanas se intensificaram os combates entre o Exército ucraniano e os separatistas, em meio ao aumento de tropas russas na fronteira, que o comandante Khomchak qualificou de "intimidação e chantagem" por parte da Rússia.
O ministro ucraniano de Relações Exteriores, Dmitri Kuleba, também afirmou nesta sexta-feira que a Ucrânia não quer uma guerra com a Rússia. "Não estamos preparando nenhuma escalada, nenhuma ofensiva, nenhuma operação militar. Contamos e apostamos tudo em uma solução diplomática do conflito" no leste do país". Ao mesmo tempo, ele disse que a Ucrânia tem de se "preparar para uma defesa total de nosso país ante a escalada da Rússia", que desde o mês passado tem enviado tropas, tanques e artilharia pesada à fronteira sul.
Preocupados pela crescente presença de tropas russas na fronteira com a Ucrânia e pelos combates, os Estados Unidos enviaram dois navios de guerra ao Mar Negro em uma demonstração de apoio ao governo do presidente Volodmir Zelenski.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, o número de tropas russas do outro lado da fronteira da ex-república soviética é maior "do que em qualquer momento desde 2014", quando começou a guerra no leste da Ucrânia e a Rússia anexou a Península da Crimeia.
Os EUA também estão enviando aviões de reconhecimento ao espaço internacional sobre o Mar Negro e na quarta-feira bombardeios americanos realizaram missões no Mar Egeu.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou nesta sexta-feira por telefone com os chefes da diplomacia da Alemanha, Heiko Maas, e da França, Jean-Yves Le Drian, sobre a importância de defender a Ucrânia diante das "provocações russas". O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que Blinken enfatizou a necessidade de Moscou "cessar imediatamente" a escalada militar e a retórica inflamatória sobre Kiev.
O presidente Zelenski visitou na quinta-feira a região de Donbás, onde desde 2014 os separatistas enfrentam as forças ucranianas. Mais de 14 mil pessoas foram mortas no conflito ucraniano em 2014, logo após a Rússia ter anexado a Crimeia em seguida à queda do ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich. (Com agências internacionais)