O real conseguiu se valorizar frente ao dólar na sessão desta segunda-feira, véspera do feriado de 7 de Setembro, quando são aguardadas manifestações pró-governo de Jair Bolsonaro. Com baixo volume de negociações por causa do feriado que fechou os mercados nos Estados Unidos, no Brasil, houve certa pressão no mercado futuro, com posição vendida de investidores desde sexta-feira – devido à expectativa de adiamento do tapering (a redução de compra de ativos pelo Federal Reserve, Fed) diante de possível enfraquecimento da economia americana – falando mais alto.
"Hoje é uma janela que opera sem fundamento, diante de uma posição vendida", nota Rafael Ramos, head de câmbio e derivativos da Valor Investimentos. Para ele, não há fundamento econômico para o recuo, uma vez que os dados da economia brasileira seguem tão ruins quanto antes. Segundo Ramos, os agentes também podem estar subestimando os efeitos sobre a economia da variante Delta, do novo coronavírus, aqui no Brasil, onde os casos estão se alastrando pelo Rio de Janeiro e São Paulo.
Para ele, os entes do mercado estão vendo nas manifestações uma forma de apoio a Bolsonaro e isso se reflete em uma cotação mais baixa. "O mercado passou a ler que, se Bolsonaro conseguir mostrar apoio, ele mantém o Centrão a seu favor e talvez siga aprovando as reformas que o mercado tanto quer."
O dólar à vista, que abriu o dia pressionado pelas incertezas, encerrou a sessão de hoje em queda de 0,15%, cotado a R$ 5,1767, tendo oscilado entre a máxima de R$ 5,2120 e a mínima de R$ 5,1555.
Nesta tarde, o Ministério da Infraestrutura seguiu descartando a possibilidade de uma mobilização nacional de caminheiros para atos programados no 7 de setembro. Na avaliação da pasta, vídeos que circulam nas redes sociais, de caminhoneiros que prometem paralisar as rodovias, "refletem posições individuais", sem correlação com as entidades de classe que representam a categoria dos transportadores.
De todo modo, as manifestações amanhã e o tom a ser usado pelo presidente Jair Bolsonaro, seguem no radar dos investidores. Hoje, ex-presidentes, parlamentares e ministros de 26 países divulgaram carta na qual alertam para o risco de os atos criarem "uma possível insurreição" que "colocará em perigo a democracia no Brasil". "Neste momento, o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados – incluindo grupos supremacistas brancos, a polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis de governo – estão preparando uma marcha nacional contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso em 7 de setembro, aumentando os temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo", diz o documento divulgado pelo "Progressive International", diz um trecho da missiva.