A agência de classificação de risco Moodys avalia que o real mais fraco dá vantagem aos exportadores, mas ressalta que um movimento muito significativo de desvalorização cambial eleva o valor das dívidas, o que pressiona a alavancagem e o peso dos juros. De acordo com a agência, a maioria dos exportadores também tem dívidas expressivas denominadas em moeda estrangeira.
Em comentário enviado por e-mail, o analista da Moodys Erick Rodrigues destaca que a Petrobrás e as companhias aéreas, como Latam e Gol, devem sofrer impacto maior em função do movimento do câmbio. “A desvalorização cambial prejudicará a Petrobrás, forçando-a a gastar mais para importar o petróleo usado na produção de combustível, pagar juros denominados em dólar e fazer investimentos de capital.”
O analista também destaca que Latam Airlines e Gol Linhas Aéreas também têm exposição de custos e dívida significativa, mas ressalta que a Latam possui uma receita mais diversificada. “Companhias com descasamentos de dívida – ou seja, aquelas que têm receitas em reais e dívida, custos em dólares – estão entre as mais vulneráveis”, afirma Rodrigues. Segundo ele, o impacto para as empresas será variável, dependendo da quantidade de ativos e receitas no exterior e das estratégias de hedge adotadas. “Para evitar maiores riscos de liquidez no curto prazo, as empresas que são mais expostas à volatilidade cambial devem reforçar suas posições de caixa ou linhas de crédito.”
Para a agência, a depreciação do real favorecerá as companhias de metal e mineração, embora não o suficiente para compensar o ambiente de preços muito baixos para metais e minério de ferro. Além disso, a Moodys também enxerga que Fibria e Suzano devem se beneficiar com as exportações mais competitivas e maiores volumes de produção.
“O real fraco também ajudará as produtoras de proteína JBS, BRF, Minerva e Marfrig Global Foods a competir nos mercados de exportação, apesar do imediato impacto negativo sobre alavancagem”, diz Rodrigues. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.