Realização externa é ignorada e Ibovespa testa alta de olho em fluxo

A toada moderada do exterior, de certa forma, respinga no mercado acionário brasileiro, já que o Ibovespa tem leve alta esta manhã. No entanto, segue na contramão externa e ainda não passa por realização como lá fora, após a elevação de 2,30% de ontem (111.399,91 pontos). No geral, o noticiário é visto como favorável, a começar pela promessa do Reino Unido se de tornar o primeiro país a ter uma vacina clinicamente aprovada para utilização contra a covid-19. A expectativa é de que a imunização comece na semana que vem.

"A sinalização externa é de que o mercado externo terá uma folga, depois do recorde de ontem Nova York, o que pode atrapalhar um pouco aqui", estima Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM. No entanto, pondera, a percepção de recuperação firme da China e o fluxo "absurdo" de estrangeiros na B3 podem limitar eventual queda do Ibovespa. Ele lembra ainda que relatos de que o governo brasileiro desistiu do Renda Brasil e deve retomar o Bolsa Família em janeiro podem ser uma boa sinalização, no sentindo de que não haverá gastos extras.

A despeito do novo aumento expressivo nos preços do minério de ferro na China, as ações de empresas ligadas a commodities metálicas na B3 cedem, com destaque para Vale ON, que caía 2,03%, às 10h46. No entanto, ainda acumula ganhos de 2,18% em dezembro.

Hoje a companhia anunciou redução de sua estimativa de produção de minério de ferro para uma faixa de 300 a 305 milhões de toneladas em 2020. A projeção anterior era de um volume de 310 a 330 milhões de toneladas da commodity, mas com perspectiva de encerrar o ano no piso do guidance.

No mercado futuro chinês de minério de ferro, as cotações renovaram máxima histórica, ainda impulsionados pela robusta demanda de siderúrgicas locais. No porto de Qingdao, a commodity fechou em alta de 3,15%, a US$ 136,29 a tonelada.

A queda do petróleo no exterior também limita ganhos na B3. Bruno Takeo, gestor da Ouro Preto Investimentos, lembra do impasse entre os participantes da Opep+, cuja reunião foi transferida para a amanhã, para definir os cortes da produção global da matéria-prima.

No exterior, o mercado ainda avalia o impasse em relação ao acordo comercial do Brexit. A França e outros países "linha-dura" da União Europeia estão pressionando para que não seja fechado um acordo comercial pós-Brexit antes do fim do período de transição a menos que o Reino Unido faça concessões significativas nos próximos dias, informa The Times.

A despeito do resultado aquém do esperado na produção industrial de outubro em relação às medianas das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast (1,40% na margem e de 1,105 interanual), Takeo avalia os dados como positivos. "A tendência geral é positiva. Há dados mostrando que os estoques estão nas mínimas e a demanda subindo", diz. Em outubro, a produção da indústria subiu 1,10% ante setembro e teve alta de 0,3% no confronto com o décimo mês de 2019. De acordo com a indústria tem maior sequência de altas desde janeiro de 2010.

Às 10h49, o Ibovespa subia 0,10%, aos 111.511,01 pontos, mais perto da mínima intraday de 111.401,76 pontos, do que da máxima aos 111.924,56 pontos.

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