Rebeldes xiitas do Iêmen ameaçaram nesta segunda-feira deter e julgar por traição o primeiro-ministro e todos os integrantes do gabinete do país caso eles não voltem a trabalhar. A ameaça foi feita no mesmo dia em que milhares de pessoas saíram à capital, Sanaa, para criticar os rebeldes e demonstrar seu apoio ao presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi.
Os houthis tomaram Sanaa em setembro, saídos do norte do país, predominantemente xiita. No caminho, impuseram seu domínio em pelo menos nove províncias iemenitas. No começo do ano eles tomaram o governo, dissolveram o Parlamento e mantiveram os integrantes da administração em prisão domiciliar. Além disso, colocaram seu braço de segurança, o Comitê Revolucionário, como responsável pelas decisões do país.
Nesta segunda-feira, manifestantes em Sanaa gritaram palavras de ordem em apoio ao presidente, que neste final de semana fugiu da capital, onde estava em prisão domiciliar.
Hadi chegou à cidade portuária de Áden e, de lá, pediu aos houthis que saíssem da capital. No domingo, eles afirmou que ainda é o líder legítimo do Iêmen.
O canal de televisão Al-Masirah, dos rebeldes, informou nesta segunda-feira que eles deterão o primeiro-ministro Khaled Bahah e todos os membros de deu gabinete que não voltarem ao trabalho. No domingo, as autoridades receberam ordens para voltar para seus cargos, mas se recusaram.
Bahah e os ministros foram colocados em prisão domiciliar pelos rebeldes em janeiro. Eles renunciaram em massa num gesto de protesto à tomada de poder pelos rebeldes. Posteriormente, os houthis declararam que haviam assumido o controle do país.
Na noite desta segunda-feira (horário local), a emissora Al-Masirah informou que 17 membros do gabinete haviam concordado em voltar a seus postos. A informação não pôde ser confirmada e não foi possível entrar em contato com nenhum dos ministros.
Tribos sunitas que controlam a província de Marib, onde está instalada a infraestrutura petrolífera do país, ameaçaram interromper o fluxo de combustíveis para Sanaa se os houthis tentarem pressioná-los, retendo seus salários na capital.
O governador de Marib, Sultan al-Arada, disse em comunicado obtido pela Associated Press, que as tribos sunitas estavam “fazendo todos os esforços para evitar confrontos e guerra”. Fonte: Associated Press.