O prefeito de Novoazovsk, no sudeste da Ucrânia, disse forças rebeldes entraram na cidade. Em breve ligação telefônica, Oleg Sidorkin disse à Associated Press que a cidade, que esteve sob fortes bombardeios por três dias, foi invadida pelos separatistas, embora não haja informações sobre o tamanho das forças rebeldes.
Novoazovsk tem uma localização estratégica, na costa do Mar de Azov e nas proximidades da estrada que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada pelos russos em março.
Trata-se da primeira vez nos quatro meses de conflito que os combates chegaram ao sul da costa ucraniana.
A nova frente a sudeste elevou temores de que os separatistas buscam criar uma ligação terrestre entre a Rússia e a Crimeia. Se esse for o caso, a medida poderá dar também aos rebeldes, ou à Rússia, o controle sobre todo o Mar de Azov e às riquezas minerais e petrolíferas da região.
No início desta manhã, mais de 20 bombas foram disparadas no período de uma hora contra Novoazovsk. Colunas de fumaça negra eram vistas subindo de algumas partes da cidade, que já fora bastante atacada no dia anterior, quando um artefato explosivo atingiu um hospital e feriu quatro pessoas que estavam no interior do prédio, afirmou o prefeito.
“Novoazovsk tem sido bombardeada tanto do território russo quanto de posições em território ucraniano”, afirmou o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança da Ucrânia, coronel Andriy Lysenko, aos jornalistas em Kiev.
O prefeito Sidorkin disse que as forças rebeldes estavam posicionadas perto da fronteira ao sul com a Rússia. Não estava claro como os rebeldes viajaram pela região, que fica distante da principal frente de batalha, mais ao norte. Mas os
combatentes poderiam ter facilmente vindo da fronteira russa.
A Ucrânia e governos ocidentais têm acusado a Rússia de ter participação direta no conflito, enviando tropas e armamentos aos rebeldes. A Rússia nega as acusações.
“As informações, que nas últimas horas foram mais uma vez confirmadas, é que unidades regulares russas estão operando no leste da Ucrânia”, afirmou nesta quarta-feira o primeiro-ministro polonês Donald Tusk. “Esta confirmação, que veio da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) e foi confirmada pela nossa inteligência é, de fato, inequívoca.”
Na terça-feira, o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo ucraniano Petro Poroshenko reuniram-se em Minsk, capital da Bielorrúsia, num encontro que durou cerca de duas horas. Mas não há indícios de uma rápida solução para os combates que acontecem desde abril e já deixaram pelo menos 2 mil civis mortos.
Poroshenko disse que as conversações foram “no geral, positivas” e disse que Putin aceitou os princípios de seu plano de paz, que inclui anistia para os que não forem acusados de crimes graves e certa descentralização de poder na região.
Putin insistiu, porém, que apenas Kiev pode garantir um acordo de cessar-fogo com os separatistas pró-Moscou, dizendo o conflito é um “problema da Ucrânia” porque a Rússia não faz parte dos combates. Fonte: Associated Press.