Rebeldes xiitas houthis enfrentavam soldados do governo iemenita nas proximidades do palácio presidencial e em outras áreas da capital, Sanaa, nesta segunda-feira. Os rebeldes também tomaram o controle da agência de notícias e a televisão estatal, medida que, segundo a ministra da Informação, Nadia Sakkaf, é “um passo na direção de um golpe”.
“Este é um passo na direção de um golpe e tem como alvo a legitimidade do Estado”, afirmou Sakkaf à Associated Press.
A violência começou no início da manhã. Testemunhas disseram que disparos de metralhadora podiam ser ouvidos, enquanto morteiros caíam nas proximidades do palácio presidencial. Civis que moram na região fugiam, enquanto colunas de fumaça eram vistas na área. Os confrontos deixaram vários mortos e feridos e a sirene de ambulâncias era ouvida em toda a capital.
Os houthis que exigem maior participação na redação da Constituição do país. No sábado, o grupo sequestrou o chefe de gabinete da presidência.
Os choques continuavam apesar do acordo de cessar-fogo, divulgado no final da manhã desta segunda-feira (horário local) entre o presidente Hadi e os houthis, grupo militante que representa a seita iemenita zaid, um ramo do xiismo. A localização de Hadi era desconhecida.
O presidente exigiu que os houthis libertem o chefe de gabinete da Presidência, Ahmed bin Mubarak, sequestrado no sábado, depois de levar adiante o projeto constitucional segundo o qual o país será dividido em seis Estados federais, ideia à qual os militantes se opõem.
Os houthis forçaram a renúncia do governo em setembro, após ocuparem a capital e entrarem em confronto com forças do governo, reclamando a respeito do ritmo lento das reformas levadas adiante pelo governo de Hadi, dentre elas a redação de uma nova Constituição.
Os militantes se espalharam pelo país desde então, ocupando alguns dos principais elementos de infraestrutura, como portos, e se opondo às tentativas de Hadi de reunir um novo governo.
O Iêmen é de extrema importância para o programa de contraterrorismo na região. Hadi tem trabalhado de perto com Washington, que luta para derrotar a Al-Qaeda na Península Arábica, o braço local da organização, que assumiu a responsabilidade pelo ataque ao jornal Charlie Hebdo e é considerada o ramo mais violento e com maior abrangência da Al-Qaeda.
No caso de uma deposição de Hadi, o programa de contraterrorismo norte-americano pode ser prejudicado. Hadi pessoalmente aprova os ataques dos Estados contra a Al-Qaeda na Península Arábica, segundo seus auxiliares. Os houthis se opõem ao programa.
Osama Sari, importante autoridade houthi, disse que Hadi foi advertido várias vezes por ignorar a participação houthi na próxima Constituição. “Nós destacamos que não permitiremos uma Constituição que divida o Iêmen em seis Estados. Hadi sabe que esta é uma linha vermelha”, declarou Sari.
Cada lado responsabiliza o outro pelos confrontos. “Os houthis ameaçaram o presidente na noite de ontem, dizendo que o atacarão diretamente. Por isso, o presidente enviou centenas de soldados para as ruas e fechou as vias que dão acesso ao palácio”, declarou uma fonte presidencial. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.