Rebeldes xiitas do Iêmen anunciaram nesta sexta-feira que farão uma “declaração constitucional, medida que provavelmente marcará a tomada formal do governo pelo grupo. Os rebeldes, conhecidos como houthis, tomaram o controle da capital Sanaa em setembro, quando deixaram seu reduto no norte do país, dominando várias cidades no caminho.
As ações tomadas pelo grupo na capital – que incluíram um ataque contra o palácio presidencial e um cerco à casa do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi – forçaram o presidente e todos os membros do gabinete a apresentar sua renúncia em janeiro.
Desde então, Hadi e os ministros estão em prisão domiciliar. Os rebeldes declararam um prazo final, que terminou na quarta-feira, para que os partidos políticos do país negociassem o que chamaram que uma caminho a seguir “aceitável”. Caso contrário, ameaçavam agir unilateralmente.
O anúncio sobre a declaração constitucional foi transmitido pela rede de televisão dos rebeldes, a Al-Masseria. Mensagens de texto enviadas pelos rebeldes aos repórteres dizem que a declaração será divulgada a partir do Palácio Republicano, em Sanaa. A medida será contra a lei iemenita, que diz que apenas um presidente pode emitir declarações constitucionais.
Os houthis, que seriam apoiados pelo Irã, pediram a seus partidários que saiam às ruas para celebrações noturnas, que devem acontecer após a declaração. Eles também enviaram homens armados e picapes com armamento antiaéreo para as principais ruas e proximidades de instituições importantes.
A medida foi tomada após dias de fracassadas negociações patrocinadas pelo enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Iêmen, Jamal Benomar.
Segundo graduados políticos, que participaram das conversações, os houthis insistiram na formação de um conselho presidencial com representantes do norte e do sul do país. Partidos iemenitas exigiram garantias de que a formação do conselho acontecesse ao mesmo tempo que forças houthis saíssem de importantes instituições, além da libertação de Hadi e dos membros do gabinete da prisão domiciliar.
Outros partidos que participaram das negociações queriam que o Parlamento se reunisse e anunciasse eleições antecipadas, mas os houthis se mostraram contrários à proposta, afirmando que o Parlamento não tem legitimidade e que seu mandato terminou.
Mohammed al-Sabri, importante político de uma aliança multipartidária chamada Reunião Conjunta de Partidos, descreveu as ações dos houthis como “golpe”, prevendo que elas levarão a um “isolamento regional e internacional do Iêmen”.
No ano passado, o Conselho de Segurança da ONU colocou dois líderes houthi e o deposto ex-presidente do país, Ali Abdullah Saleh – que seria o principal apoiador dos houthis – numa lista de sanções por terem prejudicado a transição no Iêmen. Fonte: Associated Press.