A Receita descobriu um fisioterapeuta de Mato Grosso que, para justificar o suposto recebimento de R$ 4,4 milhões de seus clientes, teria que trabalhar 24 horas por dia, cobrando R$ 502 por hora de atendimento. Ele declarou, em 2021, ter clientes em sete Estados.
O fisioterapeuta está no grupo de 72 profissionais de saúde e 35.230 declarantes que informaram ao Fisco R$ 350 milhões em pagamentos fictícios nos exercícios de 2018 a 2022 – em despesas de saúde fictícias .
Ele foi identificado na Operação Patógeno, deflagrada pela Receita nesta quinta-feira, 4, para combater fraude na Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física envolvendo declarantes que informaram falsas despesas de saúde, a fim de reduzir o imposto de renda devido .
"Para receber o rendimento declarado, seria necessário que ele (o fisioterapeuta) trabalhasse 24 horas por dia, durante todos os 365 dias do ano, cobrando em média R$ 502 por hora", assinalam os auditores.
Em outro caso, um odontólogo com domicílio fiscal no Rio de Janeiro declarou ter recebido, de 2018 a 2022, cerca de R$ 5,5 milhões de clientes de 5 estados distintos (Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro e Roraima).
A Seção de Comunicação Institucional da Receita em São Paulo destacou que embora os profissionais tenham informado os recebimentos em suas próprias declarações, a comparação com outros dados fiscais, patrimoniais e financeiros levou à suspeita de pagamentos fictícios .
"Como alguns contribuintes recebem as restituições, fica a impressão de que o intermediário entrega o que prometeu", diz a Receita. "No entanto, como a Receita tem 5 anos para realizar a auditoria, é provável que a fraude seja identificada, como ocorreu nessa operação."
O rastreamento da Receita indica que no Estado de São Paulo, 87 profissionais de saúde estão sob suspeita , além de 6.353 declarantes.
Está sob análise um rol de 10.931 declarações com pagamentos aos profissionais suspeitos, somando R$ 41,8 milhões em despesas de saúde fictícias , média de R$ 3.826,00 por declarante
Na capital paulista, a Receita mira 2.002 declarantes – 3.274 declarações com pagamentos aos profissionais suspeitos, totalizando R$ 14,6 milhões em despesas de saúde fictícias, ou média de R$ 4.471,00 por declarante.