O gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, afirmou nesta quinta-feira, 2, que os dados do indicador industrial divulgados nesta mesma data mostram que a recessão instalada no setor prossegue e reflete no emprego. De acordo com a entidade, o nível do emprego recuou em abril ao patamar de 2006.
“Se chegamos ao fundo do poço, esse fundo é bem fundo”, disse, afirmando que muito esforço será exigido para que a economia saia dessa situação. Ele ressaltou que a queda de 5,4% no PIB do trimestre, comparado com o mesmo período de 2015, precisa ser analisada por componentes separados.
Enquanto o setor externo contribuiu positivamente com 4,8% para o resultado divulgado na quarta-feira pelo IBGE, a demanda doméstica teve impacto negativo de 10,2%. “A parte doméstica da economia continua com sérios problemas de reativação”, disse.
Para Castello Branco, o alto nível de ociosidade do parque fabril mostra que a indústria tem grande capacidade de ampliar a produção sem precisar fazer investimento. “Isso significa que os investimentos devem demorar a reagir”, afirmou.
O economista ressaltou ainda que a alta de 1,6% no rendimento médio real do trabalhador em abril ante mesmo mês de 2015 – ao mesmo tempo que o faturamento da indústria caiu 9,9% – indica que há uma pressão de custos no setor industrial, o que prejudica a produtividade.
O gerente criticou o reajuste salarial de servidores públicos aprovado ontem pela Câmara com o aval do Palácio do Planalto. “O aumento do funcionalismo público não é um sinal positivo. O setor privado está dando sua cota de sacrifício. Como no setor público não tem ajuste pelo lado do emprego, tem que ser pelo lado do total do gasto com a folha salarial”, disse.