Estadão

Record demite repórter após vazamento de falas de Lula em grupo de WhatsApp com investidores

Dois dias após o vazamento de trechos da entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Record TV em um grupo de Whatsapp com investidores, a emissora comunicou a demissão da repórter Renata Varandas, também sócia da casa de análises políticas Capital Advice.

A jornalista foi o pivô de mais uma crise entre o chefe do executivo e o mercado financeiro na terça-feira, 16, após compartilhar partes da entrevista de Lula – antes da veiculação do conteúdo pela emissora – com investidores da corretora BGC Liquidez.

A reportagem questionou a jornalista, que não respondeu até o momento desta publicação.

Em nota, a emissora confirmou o fim do contrato de trabalho da repórter, dois dias após o ocorrido e em meio aos boatos da demissão: "A Record informa o desligamento da repórter Renata Varandas, que, a partir desta quinta-feira (18/07/2024), não faz mais parte da equipe de jornalismo da emissora".

Anteriormente, a Record condenou o vazamento das informações da entrevista com o presidente da República e afirmou que medidas cabíveis seriam tomadas após a apuração dos fatos.

<b>Entenda o caso</b>

Conforme apurou o <b>Estadão</b>, logo após realizar a entrevista, na manhã de terça-feira, 16, Renata teria avisado membros da Capital Advice sobre alguns dos tópicos discutidos por Lula na entrevista que seria veiculada pela emissora às 19h55min de terça-feira, 16. Com isso, alguns trechos da conversa teriam sido repassados em um grupo de WhatsApp integrado por membros da corretora BGC Liquidez, que pouco tempo depois divulgou as informações ao mercado.

Na entrevista, Lula falava de questões econômicas do País envolvendo a possível necessidade de cortes de gastos e o cumprimento das metas fiscais, uma promessa do atual governo com o arcabouço fiscal.

Pouco antes das 13h, a BGC Liquidez divulgou as falas de Lula que ainda não haviam sido veiculadas pela emissora. "Em entrevista à Record TV, que será veiculada hoje (terça, 16) ao longo do dia, o presidente Lula disse que é preciso convencê-lo de que será mesmo preciso cortar entre R$ 15 bi e 20 bi no relatório de 22 de junho. Disse ainda que, se precisar modificar a meta, ele não se opõe", adiantava a corretora no documento enviado ao mercado.

"Vamos fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal. Eu dizia na campanha que íamos criar um País com estabilidade política, jurídica, fiscal, econômica e social. Essa responsabilidade, esse compromisso, posso dizer para você como se tivesse dizendo para um filho meu, para a minha mulher, responsabilidade fiscal eu não aprendi na faculdade, eu trago do berço", disse Lula na entrevista, veiculada integralmente no fim do dia pela emissora.

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