O recorde na balança comercial do Brasil em março, com superávit de US$ 10,956 bilhões, foi puxado pelo crescimento, em volume, das exportações, com destaque para o embarque de commodities, como soja e petróleo bruto, para a China, conforme o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta terça-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Na comparação com março de 2022, o salto de 17,5% no volume das exportações mais do que compensou a queda de 4,7% na média dos preços dos produtos vendidos. Com isso, o valor total das exportações avançou 7,5%, para US$ 33,060 bilhões. Nas importações, houve queda de 1,4% no volume de compras e alta de 2,8% na média de preços. Com isso, o valor das importações caiu 3,1%, para US$ 22,104 bilhões.
Combinado com a perspectiva de moderação nas importações, por causa da desaceleração do ritmo da economia doméstica, sugere que 2023 poderá terminar com novo saldo recorde, segundo a FGV. Em 2022, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 62,3 bilhões, maior valor da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O superávit do mês passado também foi o maior da série estatística, quando considerados apenas os meses de março.
"Contribuiu o fim do <i>lockdown</i> na China, que permitiu um aumento de 29,6% no volume exportado para esse país. Ao mesmo tempo, as previsões de taxas de crescimento abaixo de 1% para a economia brasileira desaceleram o ritmo de crescimento das importações. É possível que o saldo em 2023 supere o de 2022", diz um trecho do relatório do Icomex de abril, referente à balança comercial de março.
O salto no volume exportado para a China superou a queda de 9,8% na média de preços das vendas para o mercado chinês. Com isso, as exportações para a China cresceram 12,6% no valor total.
"Os dados sugerem que a dependência da China para a melhoria das exportações deverá se acentuar esse ano. A União Europeia tem elevado sua participação na pauta brasileira devido às restrições da Guerra da Ucrânia; mas a desaceleração esperada na região sugere que a contribuição desse mercado não deve aumentar. Por fim temos a Argentina, com crescimento de compras brasileiras, em especial do setor automotivo. Como esse é um comércio administrado, as decisões das multinacionais podem estar influenciando nos resultados, apesar da crise econômica do país", diz o relatório do Icomex.