A Rede, adquirente do Itaú Unibanco, vai colocar em prática, a partir de julho, a mesma estratégia da GetNet, do espanhol Santander, que oferece o serviço de credenciamento combinado com soluções bancárias. Para isso, a adquirente fez uma nova segmentação de seus clientes, separando os correntistas dos não-correntistas. Assim, ao mesmo tempo que pode ofertar um atendimento mais customizado para cada público, que antes era divido em atacado e varejo, consegue blindar seus clientes da concorrência.
“Não fazíamos isso (oferta de serviços de adquirência e produtos bancários) até agora. A Rede tinha um foco e o banco outro e ainda precisávamos fazer alguns avanços em nossa plataforma tecnológica. Investimos muito na nossa plataforma e agora está tudo amarrado”, explicou o presidente da Rede e diretor executivo de Marketing do Itaú Unibanco, Fernando Chacon, em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), durante o Ciab, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O diretor do Itaú elogiou o trabalho feito pela GetNet na venda combinada de serviços de adquirência e bancários. Segundo ele, a concorrente fez um bom trabalho. Com essa estratégia, o Santander conseguiu elevar sua participação nesse mercado para 9% ao final de março, de cerca de 8% no ano passado, se aproximando do antigo desejo de ter 10% deste setor.
Questionado sobre se a ofensiva do Itaú ameaça de alguma oferta a GetNet, o CEO da companhia, Pedro Coutinho, afirmou que a oferta combinada de serviços é “muito consolidada no Santander. “Nossa operação nasceu assim, o que facilita. Começamos com um trabalho no varejo e depois levamos para o atacado”, avaliou ele, em entrevista ao Broadcast, também durante o Ciab, realizado nesta semana.
Já o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, lembrou que a adquirente foi a primeira credenciadora do setor a oferecer oferta combinada de serviços de adquirência e bancários tanto com o Bradesco quanto com o Banco do Brasil, que controlam a companhia. “Sempre fizemos isso com Bradesco e o BB, combinando algum tipo de isenção ou benefícios do lado de serviços bancários ou na adquirência”, afirmou o executivo, ao Broadcast.
Recuperação de mercado
Chacon, do Itaú, disse ainda que além de todo o investimento feito do lado tecnológico e a segmentação dos clientes, a instituição também precisou alterar o seu programa de metas dos gerentes do banco, chamado de Agir, para contemplar a oferta combinada de serviços da Rede e do Itaú. Esse conjunto de ações deve ajudar a adquirente, conforme ele, a recuperar o share perdido no primeiro trimestre. A Rede fechou março com 35% de participação no mercado, mas o banco não informou a participação que detinha anteriormente.
A redução da fatia da Rede no primeiro trimestre deste ano ocorreu, conforme Chacon, em meio à maior agressividade da concorrência que inclui não só preço, mas também tempestividade na oferta de serviços. Isso aconteceu, segundo ele, principalmente, no segmento de atacado.
No entanto, o Itaú espera recuperar o pedaço abocanhado por outros concorrentes até o final deste ano. “Queremos ser líderes em performance sustentável. Houve maior agressividade em preço, principalmente, em atacado. Não vamos entrar em guerra de preços. Nosso foco é rentabilidade”, destacou Chacon, mais cedo, em coletiva de imprensa, durante o Ciab.
A Rede ampliou o volume em suas “maquininhas” (POS, na sigla em inglês) em 1,95% no primeiro trimestre de 2016 ante mesmo período do ano passado, para R$ 92,898 bilhões, ritmo menor de que seus concorrentes. A Cielo, que admitiu ter pedido algumas contas no período embora em determinados clientes tivesse mantido suas máquinas e a concorrência ingressado nos mesmos grupos como uma segunda opção, capturou R$ 139,5 bilhões em transações de cartões de crédito e débito em suas máquinas de cartões, com crescimento de 10,2% em um ano. A GetNet teve volume financeiro de R$ 22,793 bilhões, montante 24% maior ante igual período de 2015.