Platão disse que o jovem é o animal selvagem mais difícil de domar. Considero atual a bem-humorada reflexão do filósofo grego, embora ela tenha sido feita há cerca de 2.400 anos. Nesta fase da vida, não só fazemos grandes amizades, como transgredimos regras e ordens. Ocorre que também é um momento de descobrimento, propício para o envolvimento com drogas e o álcool, o que exige atenção redobrada de pais, familiares e educadores.
Longe de bancar o moralista, acredito que sociedade deve manter-se atenta em relação ao uso dessas substâncias. A iniciativa de alguns administradores de proibir o consumo de bebidas alcoólicas em eventos e shows tem repercutido positivamente, independentemente da lei que já proíbe a venda a menores. No mínimo, inibe a competição para ver “quem fica mais bêbado” na festa.
A vigilância tem dado resultados. No ano passado, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), do Ministério da Justiça, fez uma pesquisa em 789 escolas, com 50.980 estudantes (31.280 deles da rede pública), e constatou uma expressiva diminuição de relatos sobre consumo de bebidas alcoólicas (em 35,1%) e tabaco (em 37,6%), na comparação com um levantamento de 2004.
A redução do consumo de álcool é importante porque especialistas consideram que as bebidas funcionam, na maioria das vezes, como porta de entrada para o uso de substâncias mais poderosas, como a maconha, a cocaína e as anfetaminas. A pesquisa da Senad já mostra diminuição de 49,5% no uso de drogas ilícitas entre estudantes da rede pública do País em seis anos.
As autoridades da Senad acreditam que essa redução seria reflexo de políticas implementadas nas escolas e na sociedade, com medidas como a capacitação de professores para lidar e tratar do assunto em sala de aula, ações junto a lideranças comunitárias e o fortalecimento das redes de proteção social. Para avançar, acredito que é fundamental ampliar também a integração de áreas como Esporte, Cultura, Saúde, Formação Profissional, Informática, entre outras.
Mais importante é o envolvimento dos familiares nesse processo de educação. Infelizmente, existe hoje um distanciamento maior entre pais e filhos, o que faz com que o núcleo familiar perca espaço para a internet, a TV e outros meios na formação do caráter e do comportamento dos jovens. Puxar as rédeas da garotada é um método simples e eficaz, que anda um pouco em desuso nos últimos tempos. Uma lição milenar, que remonta à Grécia antiga.
José Luiz Guimarães
Vereador (PT) e líder do Governo na Câmara. Escreve às quintas-feiras nesta coluna