Variedades

‘Redemoinho’ e ‘Maresia’, as múltiplas máscaras do ator

Júlio Andrade recebeu o troféu Redentor como melhor ator do Festival do Rio 2016 por dois filmes – Redemoinho, de José Luiz Villamarim, e Sob Pressão, de Andrucha Waddington. Como se não bastasse a divisão, o júri ainda foi mais longe e atribuiu o prêmio tripartite – além de Júlio, ganhou também Nelson Xavier, por Comeback, de Erico Rassi. É muito ator, muito papel para uma categoria só. Por melhor que seja Nelson Xavier – ator mítico do cinema brasileiro -, Júlio deveria ter recebido o Redentor sozinho, e por um só papel. Difícil seria escolher por qual.

De novo temos uma opção tripartite, agora na Mostra. Júlio Andrade poderá ser visto desta sexta, 28, a domingo, 30, em Redemoinho. No domingo, em Maresia. O primeiro é uma adaptação de Luiz Ruffato. Dois amigos reencontram-se. Um abandonou a cidadezinha mineira, e é justamente o personagem de Júlio. Está de volta. Reencontra o amigo, que ficou. Irandhir Santos é o ator. E é preciso escolher as palavras. Amigos? Não é exatamente de amizade que trata Redemoinho. Afloram segredos, ressentimentos. Conflitos.

José Luiz Villamarim tornou-se, nos últimos anos, um grande nome da televisão brasileira – na Globo. Dirigiu novelas como Avenida Brasil e O Rebu, minisséries como Justiça, seriados como Nada Será Como Antes, atualmente no ar. Redemoinho assinala sua estreia na direção de cinema. O título promete uma vertigem que o filme não entrega. É crítico, reflexivo. Não há nada de televisivo no estilo de Villamarim. Sua mise-en-scène – vale usar a palavra francesa que designa direção – é sofisticadíssima. Com seu grande fotógrafo, Walter Carvalho, Villamarim trabalha o plano internamente. Divide-o para mostrar duas, três ações simultâneas. Tempo e espaço potencializam a dramaturgia (George Moura assina o roteiro). E tem o trem, como elemento dramático.

É uma das estreias mais impressionantes do cinema brasileiro recente. Um senhor elenco – Júlio Andrade, Irandhir Santos, Dira Paes, Cássia Kiss Magro e, preste atenção no nome, Démick Lopes. Até grandes atores como Júlio e Irandhir arriscam-se com um cara tão talentoso. Você pode ver o filme logo, na Mostra, ou esperar pela estreia nas salas, em 22 de dezembro. Pode ver Maresia no fim de semana, ou esperar até 17 (de novembro), quando também estará nas salas. Maresia vai parecer um corpo estranho, um óvni na cinematografia nacional. No presente, Júlio Andrade faz um crítico de arte, estudioso da obra de um dublê de pescador e pintor, Júlio Andrade de novo, fazendo o artista.

Há uma discussão sobre autoria – a identidade do artista, e como se manifesta. Lá pelas tantas há um twist, reviravolta, que talvez coloque tudo em xeque. Quem é esse cara? Maresia intriga. E as atrizes, Vera Holtz e Mariana Nunes, de A Febre do Rato e Alemão, são ótimas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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