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Redes sociais ajudam a aumentar cadastro de doadores de medula óssea

De janeiro a junho deste ano, 3.950 pessoas no Distrito Federal já haviam se cadastrado como no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). O número ganhou força após a divulgação de diversas campanhas em redes sociais. A avaliação é da hematologista e especialista em transplante de medula óssea da Fundação Hemocentro de Brasília, Flavia Zattar.
 
Segundo ela, campanhas como a do menino Tancrède, que sofre um tipo raro e agressivo de leucemia, têm gerado grande mobilização nas redes sociais – além de amigos da família, a campanha envolveu pessoas desconhecidas e mesmo famosos como os jogadores Kaká e Neymar. Pouco tempo depois, a criança encontrou um doador compatível para fazer o transplante.
 
A meta estabelecida pelo Instituto Nacional do Câncer e pelo Ministério da Saúde é 9 mil novos cadastros de doadores todos os anos. Para ser um candidato, é preciso ter 18 anos ou mais e comparecer ao hemocentro mais próximo portando um documento oficial com foto. Também é importante estar em bom estado de saúde e não utilizar medicamentos para tratar doenças crônicas.
 
“Uma pequena amostra de sangue será coletada e o resultado do exame é incluído no Redome. Quando um paciente precisa de transplante, é feita uma busca no cadastro para verificar se há um candidato cadastrado compatível. Havendo compatibilidade, o doador é convocado e novos testes são feitos. Por fim, ele é encaminhado ao centro de tratamento onde o paciente está sendo acompanhado”, explicou Flavia.
 
A especialista lembrou que fatores como a miscigenação da população brasileira ampliam a dificuldade para se encontrar um doador de medula compatível. Outro problema, segundo ela, envolve a atualização do cadastro por parte dos doadores, já que muitas pessoas mudam de endereço ou telefone, mas não comparecem ao hemocentro para manter as informações em dia.
 
Marciana de Pádua Frutuoso, 33 anos, sabe bem da necessidade e da importância de aumentar o número de novos doadores de medula no país. A filha Ana Clara, de 1 ano e 7 meses, foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda em novembro do ano passado, mas ainda não conseguiu encontrar um doador compatível para fazer o transplante.
 
“Desde fevereiro, começamos a correr atrás de um doador. Fizemos a campanha Ana Clara quer continuar sorrindo e divulgamos em redes sociais como o Facebook, Instagram e Twitter. Muita gente não vai se cadastrar por medo, mas a pessoa se cadastra só com 5 ml ou 10 ml de sangue e, se for compatível, vai ser chamada. Quem doa faz a operação e fica 24 horas em observação. Depois, leva uma vida normal. Acho que até mexer em dente dói mais.”
 
A recepcionista Maria da Luz Silva, 33 anos, passou por luta semelhante. A filha Vitória foi diagnosticada com leucemia em dezembro de 2013. A menina, na época com 1 ano, chegou a fazer quimioterapia e conseguiu controlar a doença, mas teve uma recaída em outubro do ano passado, quando os médicos constataram que ela precisaria de um transplante de medula.
 
“Já não havia mais tempo para a minha filha. A doença avançou muito rápido. É preciso lutar mais pelo transplante. Eu, meu marido e o irmão mais velho da Vitória não éramos compatíveis. Ela encontrou um doador 90% compatível, mas já estava com uma alta taxa de células cancerígenas. Fizemos tudo o que podíamos”, contou. Vitória morreu em abril deste ano.
 
“O recado que eu deixo para as pessoas que estão bem de saúde é que as crianças precisam muito delas. Eu não tenho câncer, você não tem, mas muitas crianças têm. Eu não conhecia o Redome antes de a minha filha ficar doente. Poucas pessoas têm essa informação e é preciso passar adiante. Eu perdi minha filha, mas há outras crianças que vão precisar de um doador.”
 
 
Passo a passo para se tornar um doador
 
– Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, sob anestesia, e se recompõe em apenas 15 dias.
 
– Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5 a 10ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.
 
– Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante.
 
– Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.
 
– Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de UMA EM CEM MIL!
 
– Por isso, são organizados Registros de Doadores Voluntários de Medula Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.
 
– Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.
 
– A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo.
 
– É muito importante que sejam mantidos atualizados os dados cadastrais para facilitar e agilizar a chamada do doador no momento exato.
 
Caso você decida doar
 
1. Você precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e estar em bom estado geral de saúde (não ter doença infecciosa ou incapacitante). Lembre-se que uma vez no cadastro, poderá ser chamado, se identificado como compatível com algum paciente, até os 60 anos.
 
2. Onde e quando doar
É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos Hemocentros nos estados. 
 
3. Como é feita a doação
Será retirada por sua veia uma pequena quantidade de sangue (5 a 10ml) e preenchida uma ficha com informações pessoais.
 
Seu sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), que é um teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro. Os resultados são confidenciais e servem apenas para os fins do REDOME.
 
Seus dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se você for compatível com algum paciente, outros exames de sangue serão necessários.
 
Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para confirmar que deseja realizar a doação. Seu atual estado de saúde será avaliado.
 
A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana.
 
Existe uma outra forma de obtenção das células-tronco da medula óssea, que utiliza uma máquina específica (aférese) para separar do sangue periférico (corrente sanguínea), as células necessárias para o transplante. Neste caso, o doador tem que receber um medicamento antes da doação (fator de crescimento), que estimula a medula óssea a liberar estas células para a corrente sanguínea. Esta técnica só é utilizada em casos específicos, sob decisão médica e com consentimento do doador.    
 
Informações sobre locais para doação 
Em Guarulhos
Hospital Geral de Guarulhos 
Cecap
 
Associação da Medula Óssea
http://ameo.org.br/
 
Instituto Nacional de Câncer
www.inca.gov.br/doador
 

 

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