Estudantes têm feito das redes sociais uma extensão do corredor da faculdade: veteranos dão conselhos a calouros e colegas dividem anotações de estudo. Crescem na internet páginas e sites de dicas sobre a vida universitária, feitos por jovens para outros de idade próxima. As plataformas – que às vezes se tornam modelos de negócios – vão da escolha do curso até a crise pós-diploma.
A Passei Direto é uma rede social para quem não está afim de ficar à toa. Criada em 2012 e com mais de 5 milhões de usuários, a plataforma serve para reunir dicas e materiais de estudo para dezenas de carreiras universitárias. O conteúdo é 95% gratuito – cobra-se apenas por alguns recursos mais avançados.
“Sempre pensamos no potencial desse formato de rede, de networking”, explica Rodrigo Salvador, de 26 anos, um dos fundadores da startup. Os primeiros usuários da rede eram colegas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde era aluno. Hoje, segundo ele, a Passei Direto tem inscritos de todos os centros de ensino superior do País. “Pensamos em expandir para outras etapas, como o ensino médio e a pós-graduação.” Também planejam ampliar a rede para outros idiomas e criar uma plataforma de tutoria, onde será possível dar aulas virtuais. “Queremos que, com a estrutura, os alunos produzam ainda mais conteúdo de qualidade”, diz Salvador, que estudou Comunicação e Administração.
Já para Sérgio Ribs, de 24 anos, a aposta no público universitário começou com uma brincadeira. Desde 2011, ele está à frente do Universidade Capenga, um canal do YouTube com quase 255 mil inscritos e 11,6 milhões de visualizações.
Nos vídeos, percalços da vida acadêmica viram motivo de piada. “Primeiro, eram brincadeiras sobre a falta de estrutura da Federal de São João del-Rei (em Minas Gerais), onde eu estudava Engenharia. Mas várias pessoas de outras universidades também se identificam com os problemas”, conta Ribs.
Após o sucesso como “youtuber” ele investiu no Universitário Ativo, site de dicas criado em 2014. “A escola fala o que devemos estudar, mas não mostra como. Nossos temas preferidos são o gerenciamento de tempo e métodos de estudo”, destaca. Além de conteúdo gratuito, o portal vende pacotes de vídeos e materiais de apoio, como o Operação Salva Semestre, para livrar o aluno da nota vermelha.
Do início ao fim. O apoio virtual acompanha o aluno até a última fase do percurso acadêmico. O TCCendo é um site que ajuda nos trabalhos de conclusão de curso. “Temos uma parte técnica, de como formatar o projeto, feita com ajuda de professores”, diz a publicitária recém-formada Mariana Gerent, de 26 anos. “A outra é a engraçada: sete maneiras de ter uma relação de amor com seu orientador, por exemplo.”
Ela mantém o site com Sérgio Ribs, do Universitário Ativo. O TCCendo também vende pacotes de ajuda e faz a ponte entre estudantes e revisores.
“Muitas instituições cobram a monografia sem nunca ter mostrado como se faz esse trabalho acadêmico durante o curso”, critica Mariana, que vive em Santa Catarina. “Aí alguns alunos vão por atalhos e perdem a chance de ver o tanto que o TCC pode ser legal”, defende.
E depois
Sobreviver à faculdade é um desafio, mas decidir os passos seguintes pode ser ainda mais complicado. Às vésperas de terminar o curso de Arquitetura em Ouro Preto, Minas Gerais, Luiza Negri não sabia o que fazer na profissão.
Foi com o objetivo de inspirar outros jovens em dúvida que ela criou em 2014 a página no Facebook Formei, e agora?, que reúne depoimentos sobre escolhas profissionais. A ideia surgiu após Luiza participar do LABx, programa da Fundação Estudar de formação de lideranças.
“Quis, por meio das histórias, encontrar um caminho para mim”, lembra Luiza, de 25 anos. “A página atinge principalmente quem está terminando ou acabou de sair da faculdade. Depois, descobri que também pode ajudar o que vai escolher a profissão.”
Boa parte dos depoimentos indica rotas menos convencionais em cada área profissional – arquitetos que não querem trabalhar em escritórios de arquitetura, por exemplo. Em alguns casos, os seguidores entram em contato com o dono da história para trocar ideias.
“E sempre peço para a pessoa contar todo o processo, incluindo erros. Se teve um emprego que não gostou”, diz. O projeto fez a jovem descobrir a própria vocação e Luiza, agora formada, trabalha como coach de carreiras.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.