Opinião

Reforma ministerial em marcha

Depois de perder seis ministros, até aqui, antes de completar uma ano de mandato e ter mais dois prontos para sair por envolvimento direto em irregularidades, denunciadas pela imprensa, a presidente Dilma Rousseff (PT) não tem outro caminho a seguir que não seja uma ampla reforma já no início de 2012. Mudanças no time sempre ocorrem, afinal um governo precisa de ajustes, de trocas daquelas peças que não estão funcionando direito. Porém, o que ocorre no Brasil é algo que vai um tanto além. Dilma – definitivamente – não tem o comando de sua equipe, montada a partir dos acordos necessários para sua eleição, fora aqueles que ela herdou de seu padrinho e mentor, o ex-presidente Lula.


Até aqui, as vagas abertas pelos ministros derrubados foram ocupadas por gente dos mesmos partidos daqueles que caíram. Foi o único jeito de Dilma não perder o apoio político no Congresso, já que ficou escancarada a divisão do governo em feudos, dominados pelas agremiações partidárias. Porém, na reforma que se desenha, as mudanças devem ser mais embaixo. A presidente não conseguirá manter os acordos firmados se quiser se manter no controle.


Neste sentido, há um problema ainda maior a ser resolvido. Para evitar disputas internas entre petistas e não melindrar a relação com a presidente, o PT já informou ao Planalto de que vai trabalhar para manter no governo o mesmo espaço ocupado hoje pelas tendências da legenda. Oficialmente, Dilma ainda não chamou o partido para discutir o tema. Porém, já se comenta que ela pretende reduzir o número de secretarias temáticas com status de ministérios – todas ocupadas por petistas.


Como não era de se estranhar, ao perceber essa movimentação, Dilma expressou sua resistência à lógica petista de fazer um loteamento de ministérios como se fossem feudos de correntes partidárias. Não demorou para que um exército de bombeiros entrassem em cena para tentar apagar as fogueiras de vaidades (e de cargos) que podem consumir qualquer lógica.


Porém, já dá para prever que a tal reforma ministerial – dificilmente – será realizada à luz da técnica. Nem de longe Dilma conseguiu – se é que ela realmente quer – promover a famosa faxina ética. É muito provável, inclusive, diante do quadro que se desenha, ela não consiga avançar muito. Os interesses em jogo em 2012, ano de eleições municipais, são grandes demais.

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